Projetos da UERN são contemplados por uma das principais bolsas de incentivo à pesquisa do País

Da investigação do passado como forma de coletar mais dados sobre a natureza e sua fauna até experimentos que no futuro permitam a adoção de novas tecnologias e procedimentos ligados à saúde, pesquisas desenvolvidas por professores da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) começaram o ano recebendo destaque e incentivo significativos.

Neste mês, quatro projetos realizados por pesquisadores da Universidade foram contemplados com Bolsas de Produtividade do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Criada em 1976, essa modalidade de bolsa representa um dos principais instrumentos de apoio à pesquisa do CNPq, tendo como objetivo de reconhecer e valorizar o trabalho dos pesquisadores quanto à produção de conhecimento científico e inovação tecnológica. Além desses projetos, a UERN conta três outras pesquisas já contempladas em edições anteriores, totalizando sete bolsistas.

Um dos projetos aprovados neste ano, de autoria do professor Kleberson Porpino, do Departamento de Ciências Biológicas da UERN, é voltado para a análise de fósseis de tatus gigantes encontrados em diversas localidades.

Conforme explica Porpino, o estudo dos fósseis – encontrados em lugares como cavernas e reservatórios naturais de água – possibilita um conhecimento maior não apenas sobre os aspectos fisiológicos dos animais, mas também de seus hábitos e da forma como eles interagiam com o ambiente.

“Isso nos dá pistas muito importantes sobre o passado desses animais e do ambiente”, aponta o professor. Parte dos fósseis examinados, destaca, data de aproximadamente 8 mil anos atrás. “Alguns desses tatus, a gente estima que chegavam a até 5 metros de comprimento”, ilustra.

A pesquisa já estava sendo realizada há três anos com o incentivo da Bolsa de Produtividade, que foi renovada agora por igual período.

O projeto desenvolvido pelo professor Rodolfo Costa analisa a dívida pública dos municípios

Outro projeto contemplado com a Bolsa de Produtividade é desenvolvido pelo professor Rodolfo Costa, do Departamento de Economia. Através de dados relacionados às receitas e despesas dos municípios brasileiros, o projeto utiliza ferramentas de estatística para analisar os elementos que são determinantes para a composição das dívidas públicas das gestões.

A ideia, explica Costa, é utilizar os dados para compreender de que forma diferentes fatores – que muitas vezes passam despercebidos pelos gestores – contribuem para o aumento ou redução da dívida pública. “Uma das intenções é ver até que ponto essa dívida depende das decisões do gestor ou também de fatores externos”, exemplifica.

Segundo Costa, a análise desses dados permite uma compreensão maior de situações como o endividamento e os desequilíbrios fiscais, possibilitando ações mais efetivas voltadas à saúde financeira das gestões e evitando equívocos por parte das gestões.

“Quando um novo gestor assume, é comum falar de ‘herança’ de dívidas que o governo anterior deixou e anunciar que vai tentar reverter esse quadro. Mas o que a gente tem observado é que a cada nova gestão a dívida pública tende a aumentar. Nós precisamos compreender melhor esse processo”, exemplifica.

O professor ressalta ainda que, embora os dados sejam focados nas gestões municipais, muitos dos resultados obtidos podem ser aplicados também na esfera estadual, contribuindo para a adoção de novas medidas por parte dos governos.

Além desses, dois outros professores tiveram projetos aprovados com Bolsas de Produtividade. Um deles, de autoria do professor Thomas Dumelow, do Departamento de Física da Universidade, tem como título “Fenômenos associados à interação de radiação Terahertz com meios cristalinos”. A pesquisa, aponta o docente, busca estudar efeitos relacionados à refração e analisar a influência de campos magnéticos no campo da óptica.

O quarto projeto contemplado é desenvolvido pelo professor Fausto Guzen, do Departamento de Ciências Biomédicas. A pesquisa é voltada para a recuperação de tecido cerebral danificado. A ideia é coletar o tecido danificado, tratá-lo e recuperar os neurônios que o compõem, para então poder reimplantá-los no cérebro.

Conforme o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da UERN, Rodolfo Lopes Cavalcanti, os projetos desenvolvidos pelos docentes, além de atestarem a qualidade das pesquisas realizadas na Universidade, são um importante fator para a inserção da Universidade nos cenários nacional e internacional de produção do conhecimento científico.

“A UERN passa a fazer parte de um grupo seleto de pesquisadores dotados de influência significativa no contexto da ciência”, frisa.

O pró-reitor destaca que a Universidade continuará motivando a inserção de novos bolsistas de produtividade no CNPq, trabalhando diretamente junto aos docentes. “Os nossos departamentos de Pesquisa e de Pós-Graduação vêm realizando um estudo interno na perspectiva de identificarem nomes em potencial para serem bolsistas de produtividade. A partir disso, vamos desenvolver um trabalho específico com esse grupo, buscando esse êxito em novas tentativas”, aponta.

Cavalcanti destaca que as pesquisas realizadas em diferentes áreas têm um forte impacto nas demandas da comunidade. “Direta ou indiretamente, esses estudos tentam contribuir com conhecimentos ou intervenções que impactem positivamente sobre a sociedade. É o compromisso da Universidade, é o compromisso da ciência”, salienta.

Texto: João Moura