Pesquisadoras da Uern celebram o Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência

O Dia Internacional de Mulheres e Meninas na Ciência, instituído pela Assembleia das Nações Unidas em 2015, é comemorado em 11 de fevereiro em diversos lugares do mundo com o objetivo de dar visibilidade ao papel e às contribuições das mulheres nas áreas de pesquisa científica e tecnológica. A Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern) é uma das instituições que luta pela valorização da atuação feminina em todos os espaços e, de modo especial, na ciência.

A Instituição tem, atualmente, 190 pesquisadoras e 291 alunas envolvidas em projetos de pesquisa de iniciação científica em diversas áreas do conhecimento. Além disso, 09 programas de pós-graduação são coordenados por professoras.

O cenário atual é de equidade entre homens e mulheres no que concerne às oportunidades para realização de pesquisa.

“Essa afirmação se confirma pelo percentual de aproximadamente 50% dos projetos de iniciação científica que são coordenados por mulheres. Não posso deixar de destacar as pesquisadoras que estão envolvidas em programas de pós-graduação, atuando em pesquisas nas mais diversas áreas e contribuindo para produção científica da Instituição”, destacou a professora Cynthia Cavalcanti, do Departamento de Biologia, coordenadora do Programa Multicêntrico de Pós-Graduação em Bioquímica e Biologia Molecular (PMBqBM).

A presença das mulheres na ciência vem de longa data, mas ainda não há o reconhecimento e a valorização devidos.

Para a professora Ellany Gurgel, titular da Pró-Reitoria de Pesquisa e Pós-Graduação (Propeg), a sociedade, historicamente, promoveu uma diminuição da relevância das contribuições femininas no campo científico.

“Nas áreas que envolvem as disciplinas de ciências, em especial as exatas, observa-se uma predominância masculina por se acreditar que eram espaços de atuação impróprios para as mulheres. Essa cultura dificultou a quebra desse paradigma”, avalia.

Pró-Reitora Ellany Gurgel avalia cenário de desvalorização feminina na ciência

Entretanto, continua a docente, apesar da discrepância de valorização e do tempo de inserção das mulheres nos ambientes acadêmicos, observa-se que o combate a esse patriarcado tem sido uma bandeira de luta na busca da redução dessa desigualdade para, assim, garantir o seu devido reconhecimento.

O interesse pela área da pesquisa foi despertado em Alice Belarmino, aluna do 5º período de Geografia (Licenciatura), do Campus Mossoró, logo que ela ingressou na Uern.

“É naturalmente uma área que me desperta bastante interesse. Como professora, terei que ficar sempre me atualizando. A oportunidade surgiu a partir de informações e convite de professores do curso”, explicou.

Primeiramente ela participou como voluntária do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (Pibic) e agora é bolsista do Programa Institucional de Bolsas de Iniciação à Docência (Pibid).

Alice Belarmino ressalta valor histórico da data comemorada ontem, 11

No Pibid, que tem como foco o desenvolvimento em sala de aula, Alice participa de uma pesquisa em conjunto entre alunos e professores para desenvolver a atuação na área da Geografia. “O projeto tem como foco trabalhar a linguagem da disciplina em sala de aula e elaborar formas atuais de expor a matéria”, complementa.

A estudante lamenta as dificuldades que existem, no Brasil, para o desenvolvimento da ciência.

“No caso de nós, como mulheres, cientistas e pesquisadoras, ainda tem o agravante da cultura, infelizmente, ainda machista formada na vida e na sociedade. As mulheres não têm ainda o reconhecimento devido. E isso não ocorre por falta de capacidade; apenas pela cultura arraigada em nossas vidas”, completa.

Para reforçar o contexto, a professora Cynthia Cavalcanti exemplifica que existem mais mulheres que homens em cursos de graduação e conquistando títulos de doutorado, no entanto, “ainda é pequeno o número de mulheres ocupando cargos de gestão, gerências, presidências, dentre outros, sem falar nas diferenças salariais que ainda existem entre os gêneros que ocupam a mesma função. Acredito que isso se deva a um contexto histórico de um país ainda muito conservador e patriarcal”.

Sobre a data celebrada ontem, 11, a docente ressalta que dias comemorativos desse tipo são importantes “pois enaltecem as ações de mulheres que nos antecederam e que marcaram o cenário da ciência e tecnologia e estimulam outras mulheres a enveredar no meio acadêmico-científico”.

No mesmo sentido, Alice Belarmino comenta que a data tem grande valor histórico, “pois se trata de uma luta por direitos iguais, uma causa que hoje tem um força ainda maior. E essas lutas trazem grandes histórias de vidas de mulheres com potenciais incríveis em qualquer área da ciência e na vida acadêmica. Cabe citar, nesse sentido, Maria da Conceição Vicente de Carvalho, geógrafa nacionalmente renomada, que, desde a institucionalização da Geografia na década de 1930, serve de exemplo de luta, história e pesquisa”.

Reconhecimento

Professora Cynthia Cavalcanti coordena programa de pós-graduação em Biologia

Reflexo da equidade de gênero no desenvolvimento da ciência na Uern, a premiação dos melhores trabalhos da Semana de Ciência, Tecnologia e Inovação (SCTI) de 2022, que vai acontecer no próximo dia 15, mostra que há um equilíbrio em número de apresentadores(as) e de professores(as) coordenadores.

Subirão ao palco do Teatro Lauro Monte Filho, na quarta-feira, a partir das 8h30, para receber os troféus de 1º, 2º e 3º lugares, 18 alunas e 17 alunos. Os trabalhos deles(as) foram coordenados por 10 professoras e 09 professores.

Serão apresentados ao público os melhores trabalhos do Pibic, do Programa de Iniciação em Desenvolvimento Tecnológico e Inovação (Pibiti) e do Programa de Iniciação Científica para o Ensino Médio (Pibic-Em) nas áreas de Ciências da Vida, Ciências Exatas e da Terra, Ciências Humanas, Ciências Sociais e Aplicadas e Linguística, Letras e Artes.