Mais de duas mil pessoas se inscreveram para o cursinho popular ofertado através de um projeto de extensão da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) em parceria com a Rede Emancipa e com a Secretaria Estadual de Educação e Cultura (SEEC), através da 12a Diretoria Regional de Educação e Cultura (DIREC).
Motivados pelo sonho de ingressar no ensino superior, estudantes que irão se submeter ao seu primeiro ENEM (Exame Nacional do Ensino Médio) ou que estão voltando a estudar depois de anos, irão se dedicar nos próximos sábados às aulas em preparação para o Exame, que é a porta de entrada para a Universidade.
A aula inaugural contou com a apresentação da Escola de Música da UERN e do Grupo de Dança (GRUDUM), e com a participação de professores, técnicos-administrativos e estudantes da UERN, além da coordenação nacional da Rede Emancipa.
Maria Glenda é aluna da terceira série do Ensino Médio no Centro Estadual de Educação Profissional Francisco de Assis Pedrosa e é uma das alunas do cursinho Emancipa UERN. Para ela, é um reforço na preparação para o ENEM e para o sonho de conquistar uma vaga no curso de medicina. A partir de agora, além das aulas na escola, ela poderá contar com as revisões do cursinho. “Sou estudante de escola pública e esta é uma oportunidade a mais para me preparar”.
A realidade de Glenda é bem diferente da de Lígia Cristiane, uma dona de casa que há 28 anos deixou de estudar para se dedicar aos filhos e à família. Hoje, com os filhos bem encaminhados, um professor universitário e uma já no ensino superior, ela decidiu que era hora de voltar aos estudos, e conseguiu uma vaga no cursinho, que considera uma oportunidade para voltar a sonhar com o ensino superior. Ela chegou cedo, sentou na primeira fila e aproveitou cada momento da aula. “Eu venho correndo atrás desde janeiro. Quando eu soube desse cursinho o prazo de inscrição já estava acabando, mas eu não podia perder e consegui minha vaga. Tem dias que eu quero desistir, mas vou conseguir”.
O cursinho faz parte de um projeto de extensão coordenado pelo professor Jefferson Garrido, do curso de Comunicação Social da UERN, e envolve aproximadamente 80 voluntários, entre alunos dos cursos de graduação e pós-graduação da Universidade, egressos e professores da rede estadual de ensino. Segundo ele, a missão principal do projeto é preparar alunos conscientes de quem são e de como podem transformar sua realidade por meio da Universidade.
“O Emancipa não é só conteúdo de provas, mas também conteúdo de cidadania. É um compromisso social da Universidade prestar serviço à sociedade. Aos sábados, geralmente as salas de aula da UERN estão ociosas, e estamos trazendo esses alunos para este ambiente. Para muitos deles, esta é a primeira vez que entram em uma universidade e é uma oportunidade de saber que é possível ser universitário no ensino público, gratuito e de qualidade”.
Carlos Henrique Gomes é aluno do curso de História na UERN e um dos professores do cursinho. Ele fez questão de se inscrever para dar aulas, como forma de retribuir à sociedade o ensino público que recebeu em toda a sua formação. “Identifiquei-me com este projeto desde o primeiro momento. Vim de escola pública e sou aluno de universidade pública, então ajudar esses estudantes a serem inseridos na universidade pública é uma realização para mim”.
O projeto conta ainda com estudantes de outras áreas. Pâmela Aparecida cursa Publicidade e Propaganda na UERN e é voluntária do projeto. Ela estudou em escola pública e assim como Carlos Henrique, julga que é uma oportunidade de retribuir o que recebeu em sua formação. “É gratificante ajudar na formação desses jovens. Para eu entrar na faculdade participei de cursinhos como este e sei o quanto me ajudou.”
CURSINHO EMANCIPA – A Rede Emancipa é um movimento social de educação popular que atua em todo o País, tendo como foco principal a organização de cursinhos populares pré-universitários para atender à demanda represada dos estudantes de escolas públicas pelo acesso ao ensino superior. Tatiane Ribeiro é coordenadora nacional da Rede Emancipa e participou da aula inaugural do cursinho. “É um prazer enorme ver um ginásio com mais de mil pessoas reunidas para refletir sobre a sua realidade. Esse vai ser um dos maiores cursinhos da Rede Emancipa do Brasil. A UERN nos abraçou e abraçou o nosso projeto e é muito gratificante que as universidades públicas compreendam suas realidades”.
No Rio Grande do Norte, a Rede Emancipa mantém cursinho em Natal, sediado no Campus da UERN; em Ceará-Mirim, e agora em Mossoró. O deputado estadual Sandro Pimentel foi um dos responsáveis por trazer o cursinho para o Estado. Ele prestigiou a aula inaugural de Mossoró e destacou a importância da UERN neste processo. “O Emancipa vem para suprir esse vácuo de preparação para o ENEM e para a educação superior. Fico feliz em saber que a nossa UERN abriu suas portas para acolher estes alunos. A gente sabe o papel, a função e a importância social da UERN e agora mais ainda ratificada por abraçar esse projeto”.
Em Mossoró, o cursinho conta ainda com o apoio do Governo do Estado, através da 12ª DIREC, que está disponibilizando transporte para levar os alunos do centro da cidade até a Universidade, além de professores voluntários da rede pública de ensino. “Entendemos que este é um grande projeto de extensão da UERN. É a possibilidade de oferecer a alunos de escolas públicas, alunos carentes, uma preparação a mais para ingressar na Universidade, e a Secretaria de Educação e a 12ª Direc não poderiam ficar de fora”, afirma Jadson Arnaud, titular da DIREC.
Pró-reitor adjunto de Extensão, Fabiano Mendes representou a Universidade na aula inaugural e falou sobre o caráter social deste projeto, que aproxima cada vez mais a Instituição da sociedade. “Este projeto é bastante gratificante, especialmente por promover essa aproximação com a escola básica, referenciando socialmente a universidade pública. Extensão não é só a universidade sair de seus muros para adentrar na sociedade, mas também abrir seus portões para que a sociedade penetre em suas instalações, faça uso de seus equipamentos e de seu corpo técnico. Não há sentido em separar esses dois universos que na verdade se complementam”.
