“Não se Cale”: Mesa-redonda debate questões relacionadas ao assédio na Universidade

Em mais uma ação da campanha “Não se Cale”, que visa à prevenção e ao enfrentamento ao assédio no âmbito da Universidade, a Uern promoveu, na noite desta quarta-feira (3), a mesa-redonda “Assédios na Universidade: desafios atuais para prevenção e enfrentamento”, no auditório da Faculdade de Filosofia e Ciências Sociais (Fafic).

A noite também foi marcada pela entrega da portaria da comissão permanente para o acompanhamento e avaliação da Política de Prevenção e Enfrentamento das Violências contra as Mulheres no âmbito da Uern. Ambos os eventos foram transmitidos ao vivo pelo canal da Uern no YouTube.

A mesa-redonda teve como participantes as professoras Fernanda Marques de Queiroz, Maria Ilidiana Diniz (Ufersa) e Fernanda Abreu de Oliveira.

Coordenadora do Núcleo de Estudos da Mulher Simone de Beauvoir (NEM) e docente da Faculdade de Serviço Social (Fasso), a professora Fernanda Marques destacou uma série de questões relacionadas ao assédio sexual, que afeta sobretudo as mulheres, na sociedade como um todo e no âmbito da comunidade acadêmica.

“A gente tem vivido um avanço do conservadorismo, do machismo, do sexismo, e isso impacta na nossa Universidade. As universidades não são ilhas, são compostas por sujeitos que compõem a sociedade”, frisou a docente.

Por sua vez, a professora Ilidiana Diniz abordou pontos relacionados ao assédio institucional e ao assédio moral, os quais, salientou, podem ocorrer de diferentes formas no ambiente de trabalho, especialmente com recentes mudanças tecnológicas que têm impactado nas relações trabalhistas.

“Nós temos que pensar o trabalho como um valor social que deve ser respeitado, fomentando a dignidade humana e a responsabilidade social”, destacou.

Já a professora Fernanda Abreu, pró-reitora de Ensino de Graduação da Uern, abordou a questão do assédio com foco nos aspectos jurídicos relacionados à prática e na necessidade de que instituições como a Uern atuem na produção de suas próprias normas e ferramentas ligadas ao tema.

“Não conheço em outra universidade uma política como essa que estamos enfatizando hoje. A Uern tem sido de vanguarda nesse ponto. E já tem sido há bastante tempo, com o Núcleo de Estudos sobre as Mulheres”, enfatizou a professora.

Comissão Permanente
Durante a abertura do evento, representantes da Comissão Permanente destacaram a importância do instrumento para o combate ao assédio e a outras formas de violência contra a mulher.

Representante do Diretório Central das e dos Estudantes da Uern (DCE), a aluna Carla Cecília da Silva ressaltou a luta de discentes para a instituição de instrumentos como a comissão e frisou a relevância de ações desse tipo em prol da saúde de estudantes, sobretudo das alunas. “Os assédios sexuais impactam diretamente na saúde mental das estudantes, que são as principais vítimas”, apontou.

A ouvidora da Uern, a técnica-administrativa Séphora Edith, destacou que, há um ano, a ouvidoria, antes localizada na área da Reitoria da Uern, se deslocou para o campus central da Uern Mossoró, possibilitando que a ouvidoria esteja mais próxima dos discentes.

“A universidade não passa incólume a problemas que existem na sociedade, relacionados à violência e a assédios sexual e moral, mas nós estamos aqui para combater e enfrentar o problema”, enfatizou a ouvidora.

Já a pró-reitora de Gestão de Pessoas da Uern, professora Isabel Amaral, salientou a necessidade de que a comunidade acadêmica se sinta à vontade para apresentar queixas e denúncias, mas frisou também a importância da postura, entre a comunidade acadêmica, de buscar escutar e entender os demais .”Às vezes, a fala do colega está no olhar, no gesto. Não podemos nos calar, mas também não podemos não ouvir”, pontuou.

A reitora da Uern, professora Cicília Maia, destacou os avanços que a instituição tem implantado em relação a pontos como a equidade de gênero e o combate à violência contra a mulher e frisou o empenho na busca por iniciativas relacionadas.

“Tenho certeza de que, a partir desse marco, vamos conseguir avançar cada vez mais. Não podemos nunca romantizar essa pauta, porque sobretudo nós mulheres sabemos o que enfrentamos diariamente, muitas vezes, até contra nós mesmas. Às vezes, a gente precisa lembrar que somos muito mais forte do que nós achamos que somos”, comentou.

O evento completo pode ser assistido neste link.

Fotos: Vanessa Elen