Debate sobre cotas étnico-raciais esclarece importância das ações afirmativas na UERN

Com um auditório lotado, o Coletivo Nacional de Juventude Negra – Enegrecer promoveu na manhã desta quarta-feira, 12, um debate sobre as cotas étnico-raciais. O evento ocorreu no auditório do Programa de Desenvolvimento da Pesquisa da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (PRODEPE/UERN), no Campus Central.

Na conversa, os palestrantes traçaram um histórico sobre o processo que levou a implementação das cotas, esclareceram as formas de apuração de fraudes e falaram da importância desse tipo de ação afirmativa no âmbito da Universidade.

Um dos organizadores do debate, Genderson Costa é aluno de Serviço Social da UERN. De acordo com ele, a ideia do evento surgiu das diversas dúvidas dos candidatos e da sociedade sobre a implementação das cotas étnico-raciais.

“O debate tem a intenção de chamar a atenção para o processo histórico que levou às cotas e também informar sobre como vai acontecer o processo de heteroidentificação, que serve para garantir o direito dos sujeitos que realmente devem ocupar essas vagas”, disse Costa.

Vale lembrar que este é o primeiro ano de aplicação dessas cotas na Universidade, que é a primeira Instituição de Ensino Superior (IES) do RN a regulamentar o processo de heteroidentificação, no intuito de coibir fraudes.

Eliane Anselmo é professora doutora em Antropologia do Departamento de Ciências Sociais da UERN, coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (NEAB/UERN) e membro da comissão de heteroidentificação para cotas étnico-raciais.

A professora explicou: “Paralelamente à questão das fraudes, também tem a importância da educação no que diz respeito às cotas étnico-raciais. Por que tem tanta fraude? Por que as pessoas ainda questionam as cotas? Por que se acha que cota é privilégio, é benefício? Então, eu acho que essas questões devem ser repensadas”.

Professora da Faculdade de Serviço Social da UERN (FASSO), do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social e Direitos Sociais e membro voluntário do NEAB, Ivonete Soares esclareceu que o procedimento de heteroidentificação se trata de uma entrevista feita com o candidato.

“A comissão fará um questionário com esse aluno e será verificado o seu fenótipo: seu cabelo, seus lábios, sua cor. Ou seja, aquilo que aproxima mais aquele estudante da condição do grupo humano negro”, afirmou.

De acordo com Soares, o início das entrevistas está previsto para meados de março, antes do processo de matrículas.

No último dia 5, o Conselho de Ensino, Pesquisa e Extensão da UERN (CONSEPE/UERN) aprovou, por unanimidade, a minuta da resolução que regulamenta o procedimento de heteroidentificação dos candidatos pretos, pardos e indígenas.

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