A comunidade do Córrego já começa a sentir os efeitos do projeto “Uso da Tecnologia da Extração a Vapor para produção de Sucos de Frutas Produzidas no Sertão do Apodi”, que ganhou o Prêmio Santander – Universidade Solidária. O projeto de extensão, de autoria do professor Vinicius Claudino, da Faculdade de Ciências Econômicas (FACEM), está preparando os agricultores para evitar o desperdício, a partir da fabricação de subprodutos das frutas.
O foco principal será a produção de sucos com o uso de um utensílio (Macanuda), semelhante a uma grande cuscuzeira para extração do suco a vapor. O aparelho que está sendo adquirido pela Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), como resultado do prêmio conquistado pela instituição, deve chegar à comunidade nos próximos dias. A partir daí, os moradores irão produzir os sucos que serão comercializados através da Associação de Mini Produtores de Córrego e Sítios Reunidos (AMPC), parceira da UERN.
Além da preparação para o uso da tecnologia de extração a vapor, os agricultores estão aprendendo a fabricar doces desidratados, tomate seco, barras de cereal, geleias e biscoitos com as sobras das frutas. Há uma variedade de produtos com sabores de frutas produzidas na comunidade como caju, cajarana, goiaba, acerola, manga e abacaxi.
Envolvimento da comunidade em projeto da UERN impressiona visitantes
A capacitação, que está sendo dada pela Embrapa aos trabalhadores rurais do Sítio Córrego do Apodi, foi acompanhada na tarde desta quarta-feira (21) pelo Reitor Pedro Fernandes e pelo professor Miguel Dall’Agnol, representante da Universidade Solidária (UniSol) /Banco Santander.
Calixto Lima, pesquisador na área de Transferência de Tecnologia da Embrapa, disse que em Córrego a capacitação está sendo diferenciada da que já havia aplicado em diversas comunidades. “Geralmente capacitamos alunos e aqui estamos ensinando os agricultores para a produção industrial”, afirmou.
Luís Eujânio Torres, presidente da Associação dos Mini Produtores, não esconde a expectativa de ver a comunidade produzir tanto suco quanto outros produtos. “A gente convivia com o desperdício, agora a realidade das famílias vai mudar”, opina, combinando o pensamento com o do coordenador de Agricultura do Município, Clebson Lima, cooperado e também aluno de Direito da UERN.
Para o autor do projeto, professor Vinicius Claudino, com o sucesso do empreendimento, os agricultores terão agora que se preparar para dar vazão à produção. “O carro-chefe é o suco. Mas temos muitos outros subprodutos, como a geleia de cajarana”, exalta.
Depois de ver de perto a aplicação do projeto vencedor do Prêmio Santander – Universidade Solidária, o professor Miguel Dall’Agnol não poupou elogios ao professor Vinicius, destacando os parceiros e principalmente a contribuição da comunidade para a realização do projeto. “Vocês têm uma coisa fantástica que é a união do grupo. O apoio institucional é muito importante, principalmente a presença física do Reitor, que dá credibilidade ao professor”, afirmou, acrescentando: “É a Universidade saindo do Gabinete, vendo gente. É a comunidade motivada”, resumiu sua avaliação do projeto, acrescentando que o que disse é o que vai constar no relatório que será entregue à UniSol.
Para o Reitor Pedro Fernandes, os desafios maiores foram transpostos. Agora, a comunidade tem que se preparar para avanços econômicos e sociais e também acadêmicos. No entendimento do dirigente da UERN, projetos como esse do professor Vinicius Claudino abrem novos caminhos para que o conhecimento chegue ao campo, a partir da definição dos cursos para o futuro Campus Avançado de Apodi.
E essa perspectiva de aproveitamento das vocações naturais está sendo aguardada principalmente pelos jovens, como Antônio Torres Geracino, 18 anos. Ele espera poder cursar Engenharia de Alimentos, sem precisar sair de Apodi e assim enriquecer suas pesquisas já iniciadas com o projeto “Utilização da Cera de Abelha na Conservação de Alimentos”, trabalhado com outros dois colegas e que teve repercussão nacional no quadro “Jovens Inventores”, do Programa Calderão do Huck, na Rede Globo.
Quem também faz planos é a agricultora Rita Maria Neto, 56. Com 5 filhos, dois deles fazendo curso técnico na área agrícola, ela diz que o projeto da UERN vai mudar a vida de sua família, com o reforço no orçamento doméstico, pela fabricação dos sucos e doces e, principalmente, pela oportunidade que vem surgindo, para que os filhos dos trabalhadores rurais não precisem ir para os grandes centros em busca de formação profissional e de uma vida melhor. “Esse projeto vai transformar essa comunidade”, completa.
A comitiva que visitou a comunidade de Córrego também contou com as presenças do Pró-Reitor Adjunto de Extensão da UERN, Adalberto Veronese, da Chefe de Gabinete, Fátima Raquel Rosado de Morais, e da Assessora de Convênios, Cybelle Albuquerque.