O mês de Julho de 2013 ficará marcado na história da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). É que neste mês, precisamente no dia 9 de julho, foi realizado pela instituição, através do Núcleo de Inovação Tecnológica (NIT/UERN), o primeiro depósito de patente no Instituto Nacional de Propriedade Industrial (INPI).
O pedido de patente, intitulado “PROCESSO DE PRODUÇÃO DE BIO-COPOS E BIO-UTENSÍLIOS DESCARTÁVEIS E BIODEGRADÁVEIS A PARTIR DO BAGAÇO DO PSEUDO-FRUTO DO CAJU (Anacardium occidentale L.)” foi produzido pelo Prof. Dr. Carlos Henrique Catunda Pinto (Departamento de Química – FANAT).
O professor Carlos Catunda passou dois anos dedicando-se ao estudo. Ele explica que todo o processo de fabricação do produto 100% sustentável e que utiliza uma matéria-prima abrangente no solo potiguar – o resíduo do caju – segue em sigilo até que seja liberada a patente (abaixo há uma descrição resumida do estudo e seus benefícios). Um protótipo do produto foi realizado de forma artesanal no laboratório do professor, mas o objetivo é que ele seja produzido em escala industrial.
Segundo o professor Henrique Jorge Holanda, coordenador do NIT, com esse depósito, o Núcleo de Inovação Tecnológica da UERN começará a construir um banco de produtos inovadores que podem ser futuramente negociados com as empresas privadas. Ele enfatiza que a UERN está contribuindo com a comunidade através da criação de produtos inovadores que ajudam as pessoas a resolverem seus problemas. Além disso, esses produtos poderão ser negociados e, dessa forma, gerar mais recursos para a realização de novas pesquisas na instituição.
O NIT/UERN convida todos os alunos, professores e técnico-administrativos que possuem ideias ou projetos de inovação para visitarem a sua página (di.uern.br/nit), onde é possível encontrar diversas informações sobre inovação. A equipe também está disponível na sala do núcleo, localizada na Diretoria de Pesquisa na PROPEG, para esclarecer dúvidas da comunidade acadêmica. (Contatos: 3315-2180/ nit.propeg@uern.br)
*Produção de Bio-copos e Bio-utensílios descartáves e biodegradáveis a partir do bagaço do pseudo-fruto do caju (Anacardium occidentale L.)
A invenção refere-se ao processo de produção de produtos (bio-copos e bio-utensílios) descartáveis e biodegradáveis a partir do bagaço do pseudo-fruto (pedúnculo) do caju (Anacardium occidentale L.), resíduo do beneficiamento da agroindústria modificado com o objetivo de produzir um material ambientalmente degradável e com propriedades mecânicas melhoradas. O produto diminuirá a dependência das reservas de petróleo, além de contribuir para o destino final dos resíduos.
O pseudo-fruto do caju apresenta 88% de umidade e tem alta perecibilidade, que juntamente com a falta de armazenamento adequado, no período de grandes safras, ocasionam grandes desperdícios na margem de 90% da safra de produção do caju. Embora o valor agregado da castanha do caju seja superior ao do pseudo-fruto, há um mercado que produz, através das diversas aplicações, derivados do pedúnculo. Mesmo assim, ainda existe um resíduo do pedúnculo de cerca de 40% do caju processado, onde é possível visualizar um enorme mercado para a produção de copos e utensílios (talheres, vasilhas com e sem tampa, xícaras e pires, pratos, bandejas e canudos) a partir do bagaço proveniente dessa atividade, o bagaço contém aproximadamente 10% de amido e 2 % de fibra alimentar.
Alguns processos de patentes utilizam o amido ou fécula de vários vegetais como: trigo, milho, batata inglesa e doce, mandioca e bagaço da cana-de-açúcar, dentre outros, na produção de utensílios descartáveis e biodegradáveis, os conhecidos plásticos biodegradáveis, que são produzidos a partir da fermentação do ácido láctico, que após polimerizado produz o Ácido Polilactato (PLA). O PLA é um poliéster termoplástico obtido da fermentação de polissacarídeos, ainda pouco conhecido no Brasil, mas utilizado com sucesso em outros países e patenteados.
Devido os plásticos derivados de petróleo (recurso natural não renovável) ainda fazerem parte da composição de alguns plásticos biodegradáveis, como os polietilenos, poliestirenos, polipropilenos e etc., que são plásticos que contém bifenoís A (BPA) e estireno, que são carcinogênicos e prejudiciais ao ser humano, ainda são usados largamente nesses processos de produção de plásticos biodegradáveis.
O objetivo da presente invenção é disponibilizar para a indústria um novo processo de produção de bio-copos e bio-utensílios descartáveis e biodegradáveis a partir do bagaço do pseudo-fruto (pedúnculo) do caju (Anacardium occidentale L.), para substituição total ou parcial dos produtos disponíveis no mercado de utensílios descartáveis e biodegradáveis, como copos, talheres, vasilhas com e sem tampa, xícaras, pratos e canudos, com utilização de um recurso natural renovável no processo de produção. Essa tecnologia faz parte do desenvolvimento de novos materiais biodegradáveis, com forte apelo ambiental e com o objetivo de se alcançar a sustentabilidade.
Após o consumo, os bio-copos e bio-utensílios sofrem degradação natural e são aproveitados no processo de compostagem, pois têm a característica de biodegradação por microorganismos em apenas seis meses, produzindo assim, um adubo de excelente qualidade para aplicação direta na agronomia. Em termos comparativos, o copo plástico utilizado no mercado, dependendo da composição, demora 200 anos para se degradar e ainda polui o meio ambiente. Os bio-copos e os bio-utensílios não são poluentes, sendo portanto, amigos da natureza por reduzirem o impacto direto no meio ambiente.
*Inventor da Patente:
Prof. D. Sc. Carlos Henrique Catunda Pinto – Departamento de Química da FANAT – UERN – Campus Central – Mossoró-RN
– Graduado pela UFRN em Engenharia Química (1984)
– Mestrado pela UFRN em Engenharia Química (1994)
– Doutorado pela UFSCar-SP em Engenharia Química (2001)
Depositante da Patente: UERN/NIT