Quase 60% da população, sem diferença expressiva entre homens e mulheres, reportou ter visto situações de violência e assédio contra mulheres nos últimos doze meses em seu bairro ou comunidade. O dado faz parte da pesquisa “Visível e Invisível: a vitimização de mulheres no Brasil”, publicada em 2019 e revela que a redução dos índices de violência contra a mulher demanda ainda muito a fazer por parte do Estado brasileiro em suas diferentes instâncias.
Diante do aumento exponencial nos relatos de violência que assolam o cotidiano da sociedade brasileira, permeando todos os ambientes, inclusive o acadêmico, faz-se necessário construir mecanismos eficazes de enfrentamento deste grave problema social.
Com este objetivo, a Universidade do Estado do Rio Grande do Norte está criando a Comissão UERN Mulher, que irá mapear, acompanhar e propor políticas de enfrentamento à violência contra a mulher.
O trabalho será iniciado ainda neste mês de março. As equipes que atendem situações de violência na UERN irão contar com a equipe multidisciplinar da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE) e serão capacitadas pelo Núcleo de Estudos sobre a Mulher Simone de Beauvoir (NEM).
A coordenadora do NEM, Suamy Soares, afirma que é fundamental a soma de esforços na implementação de uma política institucional de enfrentamento à violência e ao assédio na Universidade. “A sociedade brasileira não pode mais aceitar o assédio e a violência contra a mulher. As mulheres ocuparam espaços políticos importantes e exigem serem respeitadas de forma que além de repudiarmos os assédios temos que atuar em seu enfrentamento. Por isso é fundamental a conjunção de esforços do NEM, DCE, PRAE, Ouvidoria e Reitoria na formulação e implementação de uma política institucional de enfrentamento à violência é ao assédio no interior da Universidade “, afirmou a coordenadora.
A UERN conta aproximadamente 5 mil alunas somente nos cursos de graduação. Segundo a pró-reitora adjunta de Assuntos Estudantis da UERN, Sephora Edite, muitas dessas mulheres são ou foram vítimas de violência. “Promover a formação dos profissionais que lidam com essas mulheres é uma forma de diminuir o impacto negativo na vida pessoal e seus reflexos na vida acadêmica sendo, dessa forma, imprescindível, na promoção de uma política de permanência com qualidade ao segmento estudantil”, afirma Sephora.
De acordo com a chefe de Gabinete da Reitoria, Cicília Maia, o objetivo é construir uma política de enfrentamento à violência contra a mulher no âmbito da Universidade, que terá resultados efetivos na sociedade de um modo geral. “É necessário identificarmos quais ações, projetos, atividades e serviços poderão compor essa desafiadora política. Atualmente, vislumbramos vários tipos de atendimento e acompanhamento, a exemplo dos que ocorrem na PRAE, NEM, Prática Jurídica, ambulatórios e Ouvidoria. Diante disso, acreditamos que resultados efetivos serão fruto do diálogo e do olhar interdisciplinar dos mais variados sujeitos que compõem a nossa UERN”, explica Cicília Maia.
Participaram ainda da primeira reunião, a vice-diretora da Faculdade de Serviço Social (FASSO), Fernanda Marques; a ouvidora da UERN, Elizabeth Veiga, e a coordenadora do Diretório Central dos Estudantes (DCE), Rachel de Souza.