Termina hoje, 18, no Campus de Natal da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern), o XVIII Simpósio Nacional da Associação Brasileira de História das Religiões (ABHR) e o Concrer 2022. “Religiões e desigualdades: desafios contemporâneos” foi o tema do evento iniciado no dia 16. Dentro da programação, em alinhamento com a temática do evento e motivados pela alusão ao dia da Consciência Negra, celebrado em 20 de novembro, o evento recebeu uma rica programação cultural que engloba duas exposições fotográficas e uma apresentação cultural no formato de pocket show.
A realização da programação foi articulada pela estudante do Curso de Ciências da Religião e Yalaxé do Ile Ase Dajo Obá Ogodô, Flaviana Maia. Os produtos artísticos foram construídos no âmbito do Grupo Afro-cultural Egbe Logun, fundado em 2011, dentro dos muros do Ilê Ilé Ifé Axé Obaluaiyê/Extremoz. O grupo trabalha numa diversificada linha artística, produz teatro, musicais, contação de histórias, um bloco de Afoxé, oficinas e minicursos e, durante a pandemia, se descobriram também no audiovisual. O grupo é dinâmico e vem fortalecendo a política cultural de terreiro em todo o RN.
“Os grupos culturais que nasceram dentro dos Terreiros do RN vêm trabalhando em parceria desde 2011 com o objetivo de fortalecer e estimular a criação de novos grupos e produtos. Cada convite lançado é abraçado com muito carinho, e quando partem das instituições de educação de ensino superior o sabor é outro. A luta pela ocupação desses importantes espaços traduzem as batalhas em avançar no combate ao racismo e intolerância religiosa através da implementação das leis da educação étnico-racial na formação permanente e continuada dentro das universidades. A Uern vem sendo parceira desses grupos assim como responsável por grande parte do fortalecimento e formação dos povos tradicionais de matriz africana desde 2007, a principal ação dá-se no Colóquio sobre as Questões Étnicas no Nordeste Brasileiro, produzido anualmente pelo GRUESC/NEABI”, comentou Flaviana Maia.
As fotografias apresentadas nas exposições “Memória, Fé e Legado” e “Orixás” foram feitas por Alex Dantas em parceria com o Grupo Cultural Egbé Logun. Sob as lentes do fotógrafo, os membros do Egbé Logun posaram nos dois trabalhos. Em “Memória, Fé e Legado” são retratadas cenas que promovem um olhar crítico sobre o cotidiano, a relação com a natureza, com o trabalho e as desigualdades sociais no contexto de escravização do povo negro.
A exposição “Orixás” retrata a personificação de alguns Orixás do panteão Yorubá ambientados no próprio elemento que os representa, trazendo assim referências aos símbolos de sua teogonia. Seu objetivo é desconstruir a visão preconceituosa que ainda se tem sobre as religiões de matriz africana. Nesse processo de combate ao racismo religioso, faz-se necessário proporcionar vivências estéticas com objetos artísticos do sagrado afro-brasileiro.
Sobre o Fotógrafo
Alex Dantas é fotógrafo, artista plástico e designer de interiores de formação. Teve seu primeiro contato com a fotografia em 2009. Desde 2011 atua profissionalmente, mas também reserva tempo para realizar projetos autorais. Seu primeiro trabalho com o Grupo Egbé Logun foi um ensaio inspirado no Dia da Consciência Negra em 2014, intitulado “Memória, Fé e Legado”, estabelecendo a parceria com o grupo e desenvolvendo juntos trabalhos anuais referentes à mesma data comemorativa.
Sobre a apresentação cultural
Foi realizada na noite da última quinta-feira, 17, no Pátio do Complexo Cultural da UERN a apresentação cultural em formato de pocket show do “Espetáculo Cantos, contos e Afoxé: um musical afro-brasileiro”. A execução foi feita pelos membros do Grupo Cultural Egbe Logun.