Com a necessidade de isolamento social, escolas e universidades voltam-se para o ensino on-line, mas as desigualdades sociais ficam mais evidentes nesse contexto de acesso digital. Muitos alunos sequer têm computador em casa.
Com 26 anos, Samara Pontes é estudante do curso de Enfermagem do Campus de Pau dos Ferros da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – Uern.
Mãe de dois filhos menores, um com menos de dois anos, ela conseguiu concluir o terceiro período com a ajuda de uma bolsa de estudos, proporcionada pela instituição.
Samara agora acompanha com atenção o retorno das aulas, com provável crescimento do uso de ferramentas virtuais.
“Eu estou muito preocupada, porque vai chegar o momento de ter aulas a distância”, contou a estudante, que pensa em, junto com a vizinha, comprar um pacote básico de banda larga, dividindo custos.
Com forte papel social, a Uern garante ingresso no ensino superior a jovens e adultos originados de classes populares. Por isso, a preocupação direciona-se no momento ao acesso digital, porque muitos desses estudantes são pessoas em vulnerabilidade financeira, não totalmente incluídos na era virtual.
Para Erison Natécio, pró-reitor de Assuntos Estudantis da Universidade, “é preciso criar alternativas de inclusão para que o aluno possa ter acesso ao conteúdo pedagógico”.
Alguns deles, como Samara, conseguem manter-se nos cursos em razão dos programas de apoio à permanência. Além do auxílio-creche, há moradia universitária, bolsas e uma série de ações concentradas nesse fim.
No último dia 20, o Conselho Diretor da Uern aprovou o Programa de Fomento às ações de Assistência à Permanência Estudantil, o ProUern.
“É um programa amplo, que terá vários editais, com ações diversas em várias áreas”, explicou Natécio. Segundo o pró-reitor, o primeiro edital tratará justamente de uma ação voltada para inclusão digital.
O gestor explica que a medida, por meio de bolsas, “vai proporcionar contratação de banda larga de internet, aquisição de equipamento de informática ou qualquer outro equipamento e serviço que auxilie no acesso às ferramentas tecnológicas”.
Programas visam combater as desigualdades sociais
Reitora em exercício da Uern, a professora Fátima Raquel destaca os avanços obtidos nos últimos sete anos nos programas de permanência dos estudantes nos cursos, como, por exemplo, o crescimento na oferta de bolsas de estudo.
“Em muitos casos, essa bolsa é o que permite que o estudante possa ter garantido o direito a uma educação superior”, disse a Reitora, quando da aprovação do ProUern.
Estudante do curso de Geografia do Campus Central, Paulo Santos, 24 anos, é morador da residência estudantil. Ele confirma que, sem os auxílios, “muitos não estariam estudando na Uern”.
“A Universidade recebe pessoas de todo Brasil, e geralmente são pessoas de baixo poder aquisitivo”, disse.
Erison Natécio explica ainda que, com esse foco, o ProUern consolida a assistência estudantil como estratégia central “de combate às desigualdades sociais e regionais”.
A criação e implementação do programa foi possível em face da inclusão da Uern no rol de órgãos e instituições do Governo do Estado que partilham dos recursos do Fundo Estadual de Combate à Pobreza, o Fecop.