Uma mesa redonda debaterá a luta das comunidades rurais da Chapada do Apodi contra o projeto de irrigação do Departamento Nacional de Obras Contra as Secas (DNOCS), dia 18. Serão debatedores os professores-doutores Aécio Cândido e João Freire Rodrigues.
O debate do I Seminário de Pesquisa Antropológica será realizado na Faculdade de Filosofia, e Ciências Sociais (FAFIC), a partir das 20h, tendo como convidados Edilson Neto e Agnelo Fernandes, do Sindicato dos Trabalhadores Rurais de Apodi; Francisca Ivonilda, representante da Agrovila Vila Palmares, uma das comunidades atingidas pelo projeto; Rejane Cleide, da Marcha Mundial das Mulheres e Antonio Nilton Bezerra, da Comissão Pastoral da Terra.
Antes da mesa redonda, será aberta a exposição fotográfica, com a apresentação do trabalho de pesquisa e mostra audiovisual com o documentário “Com Lenço de Documento” e animação “Terra Nossa de Cada Dia”. O evento denominado Agrovila Palmares: A resistência de um povo contra o projeto de morte” começará 19h, como resultado de pesquisa das turmas de Ciências Sociais- disciplinas Antropologia da Educação e Pesquisa de Campo em Antropologia, sob a orientação da professora Eliane Anselmo da Silva.
O projeto
O Assentamento Agrovila Palmares é uma das comunidades atingidas pelo projeto de irrigação da Chapada do Apodi, executada pelo DNOCS desde 2012. O projeto tem como uma de suas principais consequências à desapropriação das famílias moradoras da localidade, fato que vem gerando várias mobilizações sociais desde o ano anterior a execução do projeto.
O DNOCS – Departamento Nacional de Obras Contra as Secas – foi criado no ano de 1907 com o objetivo de expandir ações de infraestrutura para as regiões mais atingidas por períodos de longa estiagem. Foi inicialmente planejado como órgão criador de açudes, estradas, linhas de transmissão de energia e sistemas de abastecimento de água para o interior. Mas posteriormente o órgão passou também a auxiliar a agricultura, gerenciando sistemas de perímetros irrigados e incrementando práticas de criação de peixes no semiárido.
“Sabemos que a sociedade brasileira enfrenta no meio rural, problemas que necessitam de soluções diferenciadas, que somente um amplo programa de reforma agrária pode resolver. No Nordeste, as secas sempre foram um agravante ou mesmo o principal desses problemas. Como solução, o governo prepara milhares de hectares para projetos de irrigação. Mas esse é um processo que deve ser realizado de maneira cautelosa, pois a viabilização do trabalho das famílias na agricultura muitas vezes não resolve o problema, ao contrário, acaba por gerar mais transtornos, como o fato das cidades não estarem preparadas, além do agronegócio não ser uma garantia de emprego de qualidade para essas pessoas”, ressalta o trabalho.
Conforme justificativa da pesquisa, a ideia da visita ao assentamento foi, além de compartilhar com a mobilização, conhecer a realidade da comunidade a partir da observação do cotidiano dos moradores em vários aspectos, sobretudo, no que se refere à educação e aos processos de aprendizagens, a agricultura familiar e a cultura local em geral.
A partir daí, dar visibilidade acadêmica a causa através dos trabalhos realizados pelos alunos das referidas disciplinas. “Diante do exposto, considera-se de fundamental importância que o estudante de Ciências Sociais conheça contextos sociais como esse proposto pela aula de campo, que proporcione um conhecimento empírico de configurações da realidade sociocultural brasileira”, argumenta a professora.