Projeto Cetáceos resgata peixe-boi-marinho e golfinho em Baía Formosa e Natal

O Projeto Cetáceos da Costa Branca (PCCB) da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (Uern) resgatou dois animais em praias do litoral sul do estado no último final de semana. O primeiro foi um peixe-boi-marinho encontrado por banhistas na sexta-feira, 21, na praia de Sagi, em Baía Formosa, e outro, um golfinho na Praia dos Artistas, em Natal, no domingo, 23, que, infelizmente, veio a óbito horas depois.

Recém-nascido, com aproximadamente 05 dias de vida, 1,30m de comprimento e pesando 21,20kg, o peixe-boi-marinho (Trichechus manatus) foi transferido para a Base do Projeto Cetáceos em Natal para a realização dos procedimentos de avaliação médico-veterinária e estabilização, incluindo hidratação e alimentação.

Uma vez concluída a estabilização do animal, sob cuidados dos médicos veterinários e biólogos, o peixe-boi foi transladado no sábado, 22, para o Centro de Reabilitação de Fauna Marinha do PCCB, na praia de Upanema, município de Areia Branca, onde passou a receber tratamento veterinário especializado.

Ao encontrar o animal na praia, populares notificaram a fiscalização do Idema, que estava acompanhada do Batalhão de Policiamento Ambiental (BPAmb PMRN) e de policiais militares do 3º Pelotão de Polícia Militar de Baía Formosa, os quais realizaram o atendimento emergencial de primeiros socorros, sob orientação, via telefone do professor Flávio Lima, coordenador-geral do Projeto Cetáceos. Ao tomar conhecimento da ocorrência, uma equipe de resgate que estava em campo foi imediatamente direcionada ao local.

Informações posteriores confirmaram que o animal encalhou em uma praia da Paraíba, próximo a divisa com o RN, e foi levado por uma pessoa de quadriciclo para a praia de Sagi, em Baía Formosa.

Golfinho

Após os procedimentos emergenciais no local, o golfinho de Clymene (Stenella clymene), macho, com 1,99m, foi transferido para a Base Projeto Cetáceos em Natal para o processo de estabilização, onde foi realizada a fluidoterapia (hidratação), medicação e coleta de sangue para exames laboratoriais. O animal apresentava quadro de convulsões que foi revertido pelos médicos veterinários. No meio da tarde, apresentou uma convulsão severa e foi à óbito às 14h30.

A necropsia identificou que o golfinho apresentava muitos cistos parasitários em todos os tecidos do corpo, além de uma infestação parasitária por nematóides em todo o trato digestório, bexiga urinária e pulmões. O fígado estava aumentando de tamanho, havia presença de pontos esbranquiçados em toda superfície e bordas arredondadas.

“O que mais chamou a atenção na necropsia foi a presença de elevada quantidade de parasitas nos brônquios, além de lesões graves na parede do estômago também causada pelos parasitas”, explicou o médico veterinário Radan Elvis.

De acordo com o professor Flávio Lima, coordenador-geral do Projeto Cetáceos, também foram encontradas concentrações parasitárias nos aparatos auditivos, um possível fator que causou a desorientação do animal, fazendo-o retornar a encalhar após tentativas de soltura realizadas por populares durante a madrugada, antes da chegada da equipe do Projeto.

A partir dos achados necroscópicos associados aos sinais clínicos neurológicos, considera-se que o animal veio a óbito por um conjunto de fatores, incluindo infestação parasitária, embolia pulmonar e hipóxia cerebral (baixa oxigenação no sistema nervoso central).