O professor Dr. Kleberson de Oliveira Porpino, da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – Uern participou de uma pesquisa que descobriu o primeiro câncer em um mamífero extinto não humano do Brasil. A doença foi encontrada no fêmur de uma preguiça da espécie Nothrotherium maquinense, que pesava de 180 a 190 quilos e viveu durante o final da época Pleistocênica, entre aproximadamente 60 mil e 11 mil anos atrás.
Com o estudo, os pesquisadores conseguiram demonstrar que as mesmas características da doença presentes em humanos atuais já estavam presentes em animais extintos, o que provavelmente significa um modo de origem comum.
O osso da perna foi coletado junto com outras partes do esqueleto na caverna Lapa dos Peixes, no município de Carinhanha, na Bahia, em janeiro de 2014.
A descoberta foi feita em três etapas: Primeiramente foi observada uma estrutura anômala na superfície do fêmur da preguiça. Em seguida, foi feita uma tomografia computadorizada que permitiu identificar melhor a doença e, por fim, um estudo microscópico confirmou a natureza da doença.
“O osteossarcoma é um tipo de câncer ósseo que, em seres humanos, afeta pessoas entre a segunda e a quinta década de vida. Afeta normalmente o fêmur, o úmero e a tíbia. Há vários subtipos desse câncer e nós identificamos o subtipo parosteal, o qual afeta apenas a superfície externa do osso. Esse é o primeiro caso desse tipo de câncer em um fóssil e possivelmente o primeiro caso de câncer em um mamífero não humano extinto”, explicou Kleberson Porpino, professor de Ciências Biológicas, que participou na descrição da patologia e na determinação das implicações do achado.
Fernando Henrique de Souza Barbosa (Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ), autor principal do estudo, Bruce M. Rothschild (Carnegie Museum of Natural History, Pittsburgh, PA, Estados Unidos), Rafael C. da Silva (Museu de Ciências da Terra, Serviço Geológico do Brasil – CPRM) e Domenico Capone (Universidade do Estado do Rio de Janeiro – UERJ) são os demais integrantes da equipe.
De acordo com Fernando Henrique de Souza, há indícios de outros casos de câncer em diferentes espécies de mamíferos extintos do Brasil.
“Assim pretendemos investigar essas novas possibilidades e correlacionar com esse primeiro achado, de modo a entender um pouco melhor a origem, distribuição e evolução de tumores ósseos ao longo da história da Terra”, adiantou.
O fóssil encontra-se atualmente no Museu de Ciências da Terra – MCTer, do Serviço Geológico do Brasil – SGB-CPRM, no Rio de Janeiro.
O estudo foi publicado no dia 26 de outubro no periódico científico Historical Biology.