“Estamos perdendo uma batalha contra um inseto!”, foi como o Prof. Fabiano Rodrigues Maximino, infectologista e professor da Faculdade de Ciências da Saúde (Medicina), da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), iniciou a sua palestra “Panorama atual da microcefalia no Nordeste brasileiro, perspectiva e condutas”, na noite de ontem (03/12), no auditório da unidade completamente lotado, ao se referir ao combate do mosquito Aedes Aegypti, que transmite uma série de doenças, inclusive a zika.
O objetivo do evento foi a divulgação da conduta médica e manejo clínico para o tratamento da zika, transmitida através da picada de um mosquito que também transmite a dengue e a chikungunya. Segundo o médico e professor, o Nordeste é a região brasileira mais afetada e que apresenta o maior número de casos de microcefalia, que é uma má formação congênita onde o cérebro não se desenvolve, chegando a um diâmetro de 33 cm. A confirmação da causa dessa má formação foi dada pelo Instituto Evandro Chagas, ao examinar uma amostra de sangue de um recém-nascido do Estado do Ceará, revelando uma relação ainda inédita.
Já foram notificados mais de 1.250 casos em 311 cidades de 14 Estados e o Ministério da Saúde ainda não sabe como o vírus da zika atua no organismo humano causando a infecção no feto. Os médicos ainda pesquisam para saber respostas sobre qual o período de maior vulnerabilidade da gestante ao vírus da zika, que é um arbovírus, do gênero Flavivírus, que costuma ser transmitido por insetos do tipo artrópode (Aedes Aegypti), que teve a sua origem identificada na Uganda em 1947 em um macaco Rhesus. No homem, o vírus da zika foi identificado na Uganda e Tanzênia em 1952 e somente em 1968 o vírus foi isolado pela primeira vez no sangue de um nigeriano.
Surto – O Prof. Fabiano Rodrigues disse que, de 2005 a 2014, foram registrados 9 casos/ano de microcefalia e até a 47ª semana do ano de 2015 já foram notificados 646 casos, representando um aumento de 7.000 por cento. Já foram registrados 7 óbitos, sendo 5 desses só no Rio Grande do Norte. Quando aconteceu esse aumento, segundo o médico, foi que se percebeu que o vírus, que até então não causava muita preocupação, transformou-se em uma ameaça para as gestantes e recém-nascidos.
Outra descoberta recente sobre o mesmo vírus é que ele também provoca a síndrome de Guilan Barré, que no Estado de Pernambuco antes eram registrados de 3 a 4 casos por ano e hoje já passam de 15 a 20 casos, provocando outra grande preocupação. O infectologista lembrou que essas doenças transmitidas pelo Aedes Aegypti têm tratamento apenas da sintomatologia e os profissionais da saúde devem se valer do exame clínico, tendo em vista a dificuldade financeira de se conseguir exames laboratoriais nas clínicas e unidades de saúde públicas.
Foto: Ivanaldo Xavier