Nadjaneyre, Camila e João Paulo são acostumados a enfrentar desafios desde sempre. Com diferentes tipos de deficiência física, os três jamais desistiram de buscar a transformação das suas vidas através da educação. A Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), referência em inclusão, fez parte da realização desses sonhos.
Formada há quase um ano em Medicina, Nadjaneyre Linhares Casimiro reitera que o curso não é fácil para ninguém e para uma pessoa com deficiência o desafio se torna ainda maior.
“Tem algumas peculiaridades que precisam ser trabalhadas. De certa forma, algumas adequações, adaptações, mas que isso sempre foi um sonho meu. Então, eu sempre busquei concluir, fazer o melhor que eu pude”, lembra a ex-aluna que atua no programa Mais Médicos em sua cidade natal, Sousa (PB).
Além de trabalhar no setor privado, a médica pretende continuar dando sua contribuição ao Sistema Único de Saúde (SUS) como uma forma de retorno à sociedade que, direta ou indiretamente, financiou sua formação na Faculdade de Ciências da Saúde (FACS) da Uern.
A qualidade do ensino e o desempenho pessoal resultam nas conquistas dos egressos da Universidade. Recentemente Nadjaneyre foi aprovada na concorrida seleção de residência médica em Radiologia da Fundação Pio XII – Hospital de Amor de Barretos, em São Paulo.
Graduada em Serviço Social e concluindo o Mestrado em Educação, Camila Morais sente-se orgulhosa em afirmar em todos os lugares que a educação a formou não somente profissionalmente, mas como uma cidadã convicta dos seus direitos.
“Numa instituição que me mudou tanto, não somente a minha vida, mas a de tantas pessoas, me faz totalmente realizada. Eu sei que tenho uma responsabilidade social, em especial com as pessoas com deficiência. Quero que muitas possam experimentar essas conquistas como o ensino superior e a pós-graduação”, destaca.
A discente também cursa a Especialização em Educação Inclusiva e começou um trabalho nas redes sociais com o intuito de levar informações às pessoas com deficiência. “Sei o quanto necessitamos de informações para proporcionar cada vez mais a inclusão em todos os espaços”, acrescentou Camila.
O cearense João Paulo Barbosa, de Aracati, concluiu Direito em 2019 e logo ingressou no curso de Especialização em Direito do Trabalho e Previdenciário. Com cegueira de nascença, o bacharel com inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) planeja mais conquistas em breve.
“A gente sai da universidade, mas a universidade não sai da gente. Dado o momento, a gente tem que retardar os projetos, mas o desejo de evoluir no ensino, no aprendizado, ele não se interrompeu. Tenho o desejo de partir para o mestrado e também me preparar para um concurso público, sempre estudando e atento às oportunidades”, projeta.
Ao longo da jornada acadêmica na Uern, os três profissionais tiveram apoio irrestrito da Diretoria de Políticas e Ações Inclusivas (DAIN), criada em 2008, tendo como objetivo atender, acompanhar e apoiar os discentes com deficiência, docentes e técnicos administrativos, com base na Política Nacional de Educação Especial, na Perspectiva da Educação Inclusiva, bem como na Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional com vistas à garantia dos direitos do espaço de ensino, pesquisa e extensão que consolidem ações e práticas voltadas às diferenças, à inclusão educacional, social e inserção no mercado de trabalho.
Camila Morais avalia a política de inclusão da Uern como uma das mais eficientes e pioneiras. “Não é somente a minha opinião, mas a inclusão da Uern é referenciada internacionalmente. A Dain pode proporcionar um suporte que eu nunca tive em qualquer outra instituição. Os suportes que precisei ao longo de minha graduação foram totalmente satisfatórios”, disse.
A médica Nadjaneyre acrescenta que o contínuo processo de inclusão permite que as pessoas com deficiência possam fazer o que querem e o que sonham. “A Dain dá um suporte pra essas pessoas terem mais oportunidades de se adequar ao trabalho que elas querem fazer, claro que com adaptações, mas com todas as ferramentas que a gente precisa”, avaliou.
João Paulo tem a mesma opinião, principalmente quando compara com a atenção ou falta dela nas escolas públicas por onde passou antes de ser universitário.
“Posso dizer que com a minha experiência, que vai desde o primeiro até o último dia, cinco anos, toda avaliação que eu faço, e é diária essa avaliação, que a pessoa com deficiência faz desse processo de inclusão, eu posso dizer que é muito satisfatório. Na Uern, a gente pode dizer que viveu essa experiência da inclusão”, ressalta.
Através da Dain com sua equipe multiprofissional, a Universidade tem avançado no tocante à efetivação dos direitos das pessoas com deficiência, considerando os esforços dentro de suas competências que promovem políticas inclusivas a partir do que prescreve a legislação brasileira em vigor voltada para as pessoas com deficiência.
“Mesmo com limitações de competências financeiras, a Uern vem realizando de forma notável as ações direcionadas à inclusão das pessoas com deficiência”, registrou a diretora da Dain, Ana Lúcia Oliveira Aguiar.
Vitórias e incentivos
Além do exemplo como forma de inspiração, Nadjaneyre deixa uma mensagem para as pessoas que têm algum tipo de deficiência.
“Não desista dos seus sonhos só porque alguém acha que não é possível. Se você tem certeza daquilo que você quer fazer e é isso que eu acho mais importante, é a sua dedicação, a sua vontade de realizar seu sonho, é você correr atrás e não desistir no primeiro não”, incentivou.
Nesse mesmo sentido, Camila inspira os demais a vencer através da educação.
“Estude, estude e estude. Quando não ver mais saída, estude mais. A educação me transformou e me libertou. Queria que todos pudessem ter essa oportunidade de provar o quanto a educação é libertadora, é transformadora”, enfatizou.
É com alegria que a Dain acompanha, conforme a professora Ana Lúcia, cada êxito dos estudantes com deficiência, por entender que ações realizadas pela Dain repercutem diretamente na formação acadêmica desde o ingresso até a conclusão do curso.
“Reiteramos que a Dain/Uern realiza trabalho planejado, zeloso e contínuo com a perspectiva da efetivação do direito das pessoas com deficiência na Uern. Sabemos que a formação acadêmica tem reflexos na vida profissional e a Uern possibilita aos estudantes com deficiência o ensino com qualidade e as adequações necessárias, de acordo com as especificidades de cada deficiência. Nesse contexto, é notório o desempenho e o sucesso dos profissionais com deficiência egressos da Uern no mercado de trabalho no contexto local, regional, nacional e internacional”, contextualizou.