Uma equipe de nove astrônomos brasileiros, liderados pelo Prof. Dr. Leonardo Andrade de Almeida, professor visitante do Programa de Pós-Graduação em Física da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (PPGF/UERN), identificou evidências de um planeta de massa 13 vezes maior que Júpiter em torno de um sistema binário evoluído, o KIC 10544976. Esta é a primeira evidência forte de um planeta orbitando um sistema binário evoluído como este, e levanta questões sobre como ele se formou.
O estudo foi selecionado como destaque do ano pela Nova (aasnova.org) da American Astronomical Society (AAS), por ser um dos artigos mais baixados do ano. Os periódicos da AAS compostos por The Astrophysical Journal, The Astrophysical Journal Letter, The Astrophysical Journal Suplement Series, The Astronomical Journal e The Planetary Science Journal, estão entre as revistas de maior impacto na área de Astronomia atualmente.
A pequisa mostrou que a variação no período orbital de uma binária evoluída observada pelo satélite Kepler (nomeada de KIC 10544976) não pode ser explicada pela atividade magnética. O fenômeno é caracterizado pela precisão do tempo em que ocorrem os eclipses das duas estrelas que formam um sistema binário ao passar uma na frente da outra. Uma variação nesse tempo de ocorrência de eclipses, chamado período orbital, é forte indicador da existência de um planeta ao redor de estrelas. Leonardo Almeida explica que exoplanetas são corpos semelhantes aos planetas que giram ao redor do Sol, mas que se encontram fora do Sistema Solar. A formação desses corpos ocorre por um processo de acréscimo (aglutinação) de gás e poeira em um disco que se forma ao redor da estrela ao longo do seu nascimento.
“A importância do estudo sobre os exoplanetas é muito vasta, vai desde entender como os planetas são formados e como eles evoluem, até responder uma das perguntas mais antigas e instigantes da humanidade: ‘estamos sozinhos no universo?’”, destaca o pesquisador.
De acordo com a evolução das estrelas em sistemas binários, a formação dos planetas pode ocorrer quando suas estrelas-mães estão se formando, chamados de planetas de primeira geração, como também após a morte de uma delas, conhecidos como planetas de segunda geração. Esses últimos planetas são formados a partir do gás ejetado durante a morte de uma de suas mães.
“Essa descoberta abre uma importante janela no estudo sobre a exoplanetologia. A possibilidade de um sistema de estrelas abrigar gerações diferentes de planetas sai dos livros de ficção científica para fazer parte da realidade, finaliza.