Na noite desta quarta-feira, 22, o Teatro Lauro Monte Filho, em Mossoró, foi palco para o lançamento do documentário de audiovisual intitulado “Bixa Presa”.
O documentário produzido por Felipe Cafrê e Fernando Nícolas, jornalistas egressos da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), e Pedro Levi, aluno do curso de Direito da UERN, conta vivências e histórias de detentos(as) gays, bissexuais, travestis e transexuais que sofrem com a violência e o descaso atrás das grades em penitenciárias, em especial no estado do Ceará.
Especificamente as histórias contadas no documentário “Bixa Presa” se passam na Unidade Prisional Irmã Imelda Lima Pontes, localizada no município de Aquiraz (CE), região metropolitana de Fortaleza (CE), e em funcionamento desde 2016, sendo destinada para gays, travestis, bissexuais, idosos, cadeirantes e aqueles que respondem à Lei Maria da Penha. O jornalista Felipe Cafrê diz que a escolha pelo estabelecimento prisional se deu por ser uma unidade que dá uma maior atenção a públicos vulneráveis.
“A existência LGBT já é muito negligenciada e quando avança um pouco mais e fala sobre o corpo trans, da travesti, a sociedade se esquece mais ainda. Ela (a sociedade) objetifica, coisifica o nosso corpo, e a partir do momento que o corpo é uma coisa as pessoas podem violá-lo da forma mais fácil e ninguém se importa. Quando a gente entra num presídio e quando você coloca lá uma travesti, uma mulher trans em presídios com mil, dois mil homens, as maiores violências acontecem e ela não tem como se defender. Com esse documentário a gente tenta trazer uma luz para esse tema”.
Subchefe de Gabinete e professor de Comunicação, Esdras Marchezan fala da felicidade de ver egressos mostrando produtos em audiovisual que fazem a diferença e abrem portas para experiências nacionais. “Fico feliz em ver egressos fazendo história e ter contribuído, junto a outros professores e a Universidade, com o desenvolvimento desses profissionais. Felipe é um excelente produtor”.
A mãe de Felipe, a senhora Eliene Freitas, participou pela primeira vez de um evento do filho e ficou encantada com a receptividade e orgulhosa com o tema que Felipe está defendendo. “Falei pro Felipe: ‘No que depender de mim eu estarei sempre junto a você’. Hoje está sendo uma emoção, chorei junto com ele. Ele sempre foi muito responsável. E hoje eu posso aplaudir mais uma conquista dele”.
Após a exibição do documentário, um debate foi realizado a respeito das condições, situações e soluções para o tema. Uma das convidadas foi a diretora do Presídio Irmã Imelda, Lídia Canuto. Ela diz o quanto é importante um documentário desse. “É importante um trabalho desse para mostrar o êxito que o Presídio Irmã Imelda vem galgando no Ceará, apresentar para outros estados e para o Brasil. São três anos de trabalho com públicos vulneráveis tentando repassar não só cursos técnicos, para qualificação profissional, mas inseri-los num contexto de cidadania mostrando para eles e elas a cultura, as artes, a educação, grupos de debates para que saiam de lá cidadãos”.
Fotos: Aline Linhares