A Câmara Municipal de Areia Branca aprovou na sessão desta terça-feira, 10, por unanimidade, projeto do Executivo, a doação de um terreno para a base do laboratório de monitoramento de biota marinha, do projeto Cetáceos da Costa Branca.
“Essa é uma conquista valorosa, uma espera de quase 3 anos que teve a sensibilidade da Prefeitura pela doação e dos vereadores pela aprovação do projeto à unanimidade. Agradeço a todos que nos apoiaram”, comemorou o professor Flávio Lima, coordenador Geral do Projeto Cetáceos da Costa Branca e Projeto de Monitoramento de Praias da Bacia Potiguar, e Sócio Fundador do Centro de Estudos e Monitoramento Ambiental (CEMAM).
O Projeto Cetáceos da Costa Branca – UERN (PCCB/UERN) realiza estudos e ações de pesquisa, educação e conservação ambiental na região da Costa Branca do Estado do Rio Grande do Norte desde 1998, principalmente no município de Areia Branca. As atividades são desenvolvidas em 14 municípios, entre Caiçara do Norte (RN) e Aquiraz (CE), totalizando uma faixa litorânea de 338 Km. Durante os monitoramentos de praias são registradas as ocorrências de tartarugas marinhas, aves, golfinhos, baleias, peixes-bois e descartes de peixes vivos ou mortos, assim como resíduos sólidos e líquidos. Em caso de animais vivos, os monitores acionam a Equipe de Resgate para transportar os mesmos até a base provisória de Recuperação de Animais Marinhos do PMP-BP, sediada na Praia de Upanema, Município de Areia Branca (RN). Chegando à base, os animais passam por acompanhamento de Médicos Veterinários e, após a completa reabilitação, são devolvidos ao mar.
“O caso recente de maior relevância ocorreu em setembro de 2013, na praia de Upanema, onde houve o encalhe em massa de 30 golfinhos da espécie falsa-orca (Pseudorca crassidens). Em menos de três horas, a equipe do PMP-PB devolveu ao mar 24 indivíduos, representando um sucesso de 83% em uma operação que contou com a valiosa colaboração da comunidade, da Prefeitura de Areia Branca e de outras instituições locais”, recorda o professor Flávio Lima.
Ao receber a informação da aprovação do projeto de doação do terreno pela Prefeitura de Areia Branca, o reitor Pedro Fernandes destacou o envolvimento das comunidades que vivem nas áreas monitoradas pelo projeto. “É a Universidade, por meio das pesquisas e ações extensionistas, dando respostas à sociedade potiguar. Esse é um projeto que atravessa fronteiras na conservação ambiental. Um trabalho fantástico de proteção à fauna e à flora, projetando nossa UERN”, exalta o reitor.
Já foram registradas mais de 5.000 ocorrências de animais encalhados, compondo uma biodiversidade de mais de 80 espécies da fauna marinha.
Turistas vão poder observar animais por um mural de vidro
Atualmente o Projeto Cetáceos da Costa Branca conta com um imóvel alugado onde funciona a base com infraestrutura para manutenção provisória de animais encalhados vivos e reabilitação de fauna marinha oriunda do PMP-BP. O novo imóvel contará com uma estrutura voltada para a recepção, triagem, reabilitação e preparação para soltura dos animais encalhados vivos na área de atuação do Projeto, tornando-se um espaço de referência nacional na reabilitação de fauna marinha, e valorizando o potencial intrínseco ao município de Areia Branca/RN.
O espaço terá ainda uma sala destinada a pequenas cirurgias, escritório, alojamento para as equipes, refeitório e guarda de equipamentos e veículos (veículo de resgate 4×4, para transporte de animais e pessoas, e quadriciclos 400 cc, tração 4×4, para execução do monitoramento de praias). Por tratar-se de uma unidade de reabilitação, cujo acesso é restrito, visando uma maior integração com a comunidade e turistas, a nova Base contará com um mural de vidro projetado para observação dos animais à distância. Esta atividade funcionará sob a orientação de um biólogo em horários pré-determinados, que ficará responsável pela transmissão das informações e conscientização ambiental.
Toda a obra será planejada de maneira sustentável, utilizando materiais recicláveis em seu acabamento e pensando no máximo aproveitamento da luminosidade natural, energia e água, incluindo a captação e reutilização desta última, sempre que possível. O tempo estimado para a conclusão da obra é de 2 (dois) anos, a contar da data do seu início. A previsão é a pedra fundamental seja lançada ainda este ano.