O interesse pela Química começou ainda antes da graduação. Durante um cursinho preparatório para o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM) em 2015, Rossine Ferreira, à época com 17 anos, sentiu-se atraído pela área e passou a vislumbrá-la como uma possibilidade de campo profissional, embora, naquele momento, ainda tivesse preferência por ingressar na área da saúde.
No ano seguinte, não conquistando uma vaga na área que inicialmente desejava, ingressou no Curso de Química do Campus Central da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), sem ainda desconfiar do que aconteceria nos anos seguintes.
Ainda nos primeiros períodos do curso, o interesse inicial pela Química tornou-se encantamento. Um dos motivos foi o fato de o estudante encontrar na ciência uma forma de se relacionar com uma velha conhecida, que o acompanhava desde a infância, a curiosidade.
“Eu sempre questionava as coisas ao meu redor. O porquê da cor do céu, das cores do arco-íris. Até a cor dos dindins que eu via minha avó fazer. Sempre tive muita curiosidade. E essa curiosidade era para mim um combustível, mas que eu ainda não sabia como utilizar”, relata Rossine.
Foi principalmente a partir do segundo ano da graduação que o aluno começou a perceber na Química o “motor” que o combustível de sua curiosidade buscava. Para entregar-se ao interesse crescente pela pesquisa, entretanto, alguns investimentos foram necessários.
À época, o estudante fazia parte da Filarmônica de Macau, da qual participava desde a infância, tocando trompete. Mais do que o prazer de aprender e tocar, o vínculo com a Filarmônica rendia-lhe uma bolsa que contribuía significativamente para o orçamento familiar. Contudo, sentindo a atração que a graduação e a pesquisa exerciam, Rossine optou por interromper a trajetória na música, mesmo que isso significasse também a perda da bolsa.
Os frutos da dedicação não tardaram a vir. Naquele mesmo ano, foi convidado pela professora Jane Alves, do Departamento de Química, a ingressar no Programa Institucional de Bolsas de Iniciação Científica (PIBIC), através do qual estudou, durante três anos, temas relacionados ao descarte inadequado de afluentes industriais e seu impacto no meio ambiente.
“Essa experiência com a iniciação científica me deixou muito gratificado e me incentivou muito. Como eu, sozinho, aos 18 anos, poderia ter toda essa evolução, se tudo era ainda tão novo pra mim? Aprendi muito e sou muito mais estimulado a estar sempre pesquisando e evoluindo”, comenta.
Tendo concluído a graduação em 2020, Rossine agora se planeja para continuar dedicando-se à vida acadêmica e à pesquisa. “E um dos meus maiores sonhos é voltar à Uern, sendo professor. Eu quero retribuir o que foi feito por mim para outros alunos”, projeta.
O investimento pessoal que Rossine promoveu ao longo da graduação aconteceu de forma paralela a outro investimento, por parte da própria Universidade, que nos últimos anos expandiu de forma significativa as ações relacionadas à pesquisa.
Uma das áreas em que esse avanço se fez mais expressivo foi a iniciação científica, através da qual alunos de graduação e de ensino médio, de escolas públicas, são envolvidos diretamente em atividades científicas, tecnológicas e artístico-culturais, orientados por pesquisadores qualificados. Além de fomentar junto aos estudantes o interesse pela ciência, as ações representam um incremento a pesquisas que promovem um impacto direto na sociedade.
Entre 2016 e 2020, a Uern ampliou em 233% o total de bolsas de iniciação científica pagas com recursos próprios, passando de 30 para 100 bolsas por meio do Pibic Uern. Cada estudante contemplado no programa em 2020 recebeu uma bolsa mensal de R$ 400, totalizando um investimento de R$ 40 mil. O número total de bolsas de iniciação científica, considerando todas as fontes de recurso, ultrapassou 250 estudantes contemplados em 2020.
“A Universidade se esforçou muito pra que a gente pudesse assegurar o maior número de bolsas e de oportunidades para os estudantes e pesquisadores. O número de bolsas que mantemos hoje já supera as bolsas asseguradas pelo CNPq (Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico). Isso demonstra o nosso empenho para o programa de iniciação científica”, aponta o pró-reitor de Pesquisa e Pós-Graduação da Uern, Rodolfo Lopes.
Outro ponto destacado pelo pró-reitor como resultado dos investimentos em pesquisa é o avanço dos periódicos desenvolvidos por pesquisadores da Universidade, tanto em relação à quantidade de publicações quanto à qualidade dos serviços oferecidos aos leitores. Desde 2018, a quantidade de periódicos cresceu 14%, chegando atualmente a 16 publicações.
“Nós temos investido na manutenção e fortalecimento dos periódicos através de ações também de infraestrutura. Recentemente mudamos o armazenamento dos periódicos em parceria com o Campus de Natal, o que garantiu maior capacidade, segurança e velocidade de acesso. Mas essas políticas de fomento não param por aí. Nós queremos que a universidade desponte não só como centro de referência de produção científica, mas também de divulgação dos resultados das pesquisas”, acrescenta Rodolfo Lopes.
Outro fator relevante para a pesquisa desenvolvida na Universidade é o avanço dos programas de pós-graduação. Desde a criação dos três primeiros programas, em 2008, a oferta de cursos cresceu continuamente, chegando atualmente a 11 programas de lato sensu, incluindo três residências médicas. No stricto sensu, há 22 cursos de Mestrado e 4 de Doutorado. “Estamos sempre nos esforçando para assegurar políticas institucionais que garantam o fomento de todas essas iniciativas”, frisa o pró-reitor.