Sede da 16ª Feira do Livro de Mossoró, que tem início nesta terça-feira, 3, a Uern ganha ainda mais destaque neste mês como instrumento de incentivo ao estudo e à leitura entre a população potiguar. As ações da instituição com esse objetivo, contudo, não se limitam aos grandes eventos realizados em períodos específicos, estendendo-se de forma contínua através de uma série de iniciativas.
Em um dos espaços da Universidade que buscam estimular diretamente a relação com a leitura e os estudos sobre esse tema, a Sala de Leitura da Faculdade de Educação, o ensino, a pesquisa e a extensão são trabalhados conjuntamente, em meio a livros didáticos e literários.
A Sala de Leitura é resultado da revitalização da Biblioteca Setorial da Faculdade de Educação, que passa por uma série de mudanças na sua estrutura. “Com essas reformas, não apenas o espaço físico foi ampliado e renovado, mas as ideias, as atividades e, principalmente o acervo de literatura infantojuvenil, esse quase inexistente anteriormente, foram expandidos”, destaca a professora Emanuela Medeiros, coordenadora pedagógica da Sala de Leitura.
O equipamento conta hoje com dois projetos principais que envolvem sobretudo os alunos do Curso de Pedagogia. O primeiro deles, o Ateliê de Formação em Literatura, foi criado em 2020 e funciona como grupo de estudos sobre o tema, envolvendo discentes da Uern e professores de outros campi e universidades.
Já o segundo projeto, o Clube de Leitura da Faculdade de Educação, busca fomentar o hábito da leitura entre estudantes, professores, servidores e público externo. “O projeto promove encontros para discussão de livros escolhidos pelos próprios participantes. Esses encontros são movidos por inúmeras trocas e experiências a cada obra escolhida. Aprendemos uns com os outros, percebemos mais detalhes, e isso nos torna leitores ativos que são capazes de interpretar um texto com um olhar mais reflexivo”, explica a aluna do Curso de Pedagogia e bolsista da Sala de Leitura Brena Késia.
Para a estudante, um dos benefícios da participação no projeto é o aprimoramento da formação profissional. “As contribuições são inúmeras, visto que a prática leitora é algo relevante entre todos os tipos de públicos, principalmente para aqueles que desejam ser peça importante no processo de aprendizagem das crianças”, enfatiza.
Os encontros do clube acontecem mensalmente, na própria Sala de Leitura. Os interessados em participar da iniciativa, que é aberta ao público em geral, podem preencher o formulário de inscrição cujo link está disponível no perfil da Sala de Leitura no Instagram: @saladeleiturafeuern.O próximo encontro do grupo acontecerá na sexta-feira, 6, quando será abordado o livro Felicidade Clandestina, de Clarice Lispector.
Conforme Emanuela Medeiros, a Sala de Leitura já se prepara para abrigar novos projetos, incluindo a realização de atividades de leitura para crianças alunas de escolas de Mossoró. “Estamos ampliando nossa estrutura para isso, mas já conseguimos realizar oficinas e rodas de conversa e estamos nos preparando para novos campos de estágios supervisionados”, informa a professora.
Nesse processo de ampliação, a Sala de Leitura está recebendo doações de livros de literatura, sobretudo aqueles voltados para o público infantojuvenil. As obras podem ser doadas diretamente no espaço ou através dos Correios. Dúvidas sobre as doações podem ser enviadas para o perfil do projeto no Instagram ou para o e-mail saladeleiturafe@uern.br.
Com a ampliação do acervo, a Sala de Leitura espera alcançar também um público maior. “Nosso trabalho tem sido pautado nas ideias de Paulo Freire, que afirma ser a leitura de mundo aquela que precede a leitura da palavra. Então, temos esse propósito: formar leitores para a vida, para além dos espaços da universidade. Aqui dentro, propomos o acesso aos livros, de forma inclusiva, fazendo com que a leitura chegue a todas as pessoas, em um processo inacabado, ou seja, em constante formação”, frisa a técnica-administrativa Francinilda dos Santos, que atua na Sala de Leitura.
“A nossa meta é oferecer um lugar de destaque e valorização das práticas de leituras. Se ler é um direito, nada mais justo que lutar pela sua efetivação. Isso se dá por meio de espaço planejado, acervo de qualidade, incentivo, investimento e valorização. Não queremos apenas uma sala bonita cheia de livros. Queremos formar leitores ávidos, críticos e participativos”, acrescenta Emanuela.
Editora da Universidade já publicou mais de 360 títulos
Além das ações diretas de estímulo à leitura, a Uern também fomenta essa ação através de suas publicações, a partir da Edições Uern, responsável pela publicação de mais de 360 títulos, entre obras de diversos campos do conhecimento.
A maioria das publicações é originada de trabalhos acadêmicos, de eventos, de projetos de pesquisa e parcerias com outras instituições de ensino superior. As obras são lançadas com certificação junto à Biblioteca Nacional e estão disponíveis na livraria localizada no Centro de Convivência da Uern Mossoró.
Conforme o chefe das Edições Uern, professor Fabiano Mendes, a editora se especializou em publicações de livros digitais em 2016, mas mantém a publicação de obras impressas. Os interessados em consultar as publicações podem visitar a editora ou entrar em contato pelo e-mail: edicoesuern@live.com.
“A título de exemplo, nesses quatro meses, publicamos 11 e-books e 4 obras impressas. Prevemos neste ano que a editora mantenha a média de 40 obras lançadas anualmente”, informa Mendes.
Uma das autoras que tiveram obras publicadas pela Edições Uern, a pedagoga e técnica-administrativa da Uern Andressa Montenegro, assina quatro livros publicados pela Instituição, todos voltados para o público infantil: “A história de Josefino”; “Amarelina e Verdinando em: Corre dessa ‘amiiiiga’ da família; “Lala, a menina que voltou a sorrir” e “O mundo animal e seus filhotinhos”.
Nos quatro esses títulos, todos publicados como e-books, a pedagoga tratou de temas como abuso sexual, trabalho infantil e negligência parental, com o propósito de prevenir, informar e alertar crianças e adolescentes a situações de risco que eles possam vivenciar em suas vidas.
“A expectativa é de ver crianças sendo transformadas pela resiliência construída, pela autodefesa e autocuidado gerados pela informação”, destaca.
Ela comenta que, apesar do ato de contar histórias ser uma prática comum em seu trabalho como professora, não pensava inicialmente em produzi-las. “Criar histórias para esse público era algo ainda não pensado e, muito menos, escrever. Mas as histórias foram aflorando a partir do momento que fui conhecendo a realidade de crianças em situação de risco na cidade de Mossoró, entre outras realidades que passei a conhecer”.
Andressa ressalta ainda que a leitura é um agente transformador para as crianças. “Acreditamos no poder que há nas histórias contadas, nos escritos que há nos livros e nas verdades que eles trazem, de modo particular, a cada pessoa que as recebe. Por isso, entendemos que a literatura pode gerar encantamento, descobertas, mas, também, transformação”, ressalta.
Texto feito em colaboração com Vanessa Elen, estagiária de jornalismo
