A pandemia causada pelo novo coronavírus (Covid-19) afetou direta ou indiretamente a vida de todas as pessoas e o funcionamento das organizações. A Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) foi uma das primeiras instituições potiguares a suspender, em março, suas atividades presenciais. Posteriormente, o semestre 2020.1 foi retomado de forma remota. Que efeitos essas mudanças causaram na vida dos seus milhares de alunos? O professor Dr. Raul Benites Paradeda realizou um estudo para buscar essas respostas.
O docente do curso de Ciência da Computação, do Campus Avançado de Natal, com apoio da Pró-Reitoria de Assuntos Estudantis (PRAE), aplicou um questionário online para investigar as perspectivas que o corpo discente tinha em relação ao semestre remoto. Dos cerca de nove mil estudantes, 1.011 responderam às perguntas entre 9 e 29 de setembro.
“Com os dados levantados por este estudo, mesmo sendo um pouco mais de 10% de todos os discentes da Universidade, foi possível identificar alguns comportamentos dos alunos. Por exemplo, foi possível observar que, mesmo contra as adversidades, alguns alunos da UERN não queriam ficar parados, estavam de acordo em seguir seus estudos no formato remoto, mesmo sem estarem preparados para esta modalidade de ensino”, adiantou o professor.
Para identificar se o aluno tinha perspectiva sobre conseguir superar os desafios do ensino remoto, foram realizados questionamentos referentes à infraestrutura tecnológica. Dos 1.011 respondentes, 93% (937) afirmaram ter acesso à internet, enquanto 7% (74) não tinham acesso.
Dos alunos que afirmaram ter internet, 40% (371) acreditavam que não possuíam internet suficiente para o ensino remoto, 29% (276) afirmaram que tinham internet suficiente, 27% (248) disseram que talvez teriam internet suficiente e 4% (39) não sabiam.
Foi perguntado por qual dispositivo o aluno iria acessar às aulas remotas. A maioria informou que seria pelo celular e computador/notebook. Além disso, a maioria dos alunos informou que achava que seus dispositivos não iriam suportar os programas do ensino remoto.
Questionou-se se os discentes achavam que o local onde iriam participar das aulas era adequado e se os dispositivos usados por eles iriam ser compartilhados com outras pessoas na residência. De acordo com as respostas dos participantes, 44% informaram que tinham um local adequado para os estudos, 30% apontaram que tinham um local mais ou menos adequado e 26% responderam que não tinham um local adequado.
Em relação ao compartilhamento dos equipamentos, 58% dos alunos disseram que usam o dispositivo de forma individual e 42% compartilham com outras pessoas. Inclusive, a maioria dos alunos informou que suas atividades cotidianas iriam ser afetadas negativamente por causa do ensino remoto emergencial.
De acordo com algumas respostas, 44% dos alunos estavam de acordo com as aulas remotas, 29% não estavam, 23% talvez e 4% não sabiam. Além disso, 23.8% dos alunos disseram que acreditavam estar preparados para ter aulas e estudar de forma remota, 37% informaram que não estavam preparados, 33.6% apontaram que talvez estariam preparados e 5.6% responderam que não sabiam.
Nesta mesma linha de raciocínio, foi questionado se os alunos acreditavam que iriam aprender no ensino remoto da mesma forma que no ensino presencial. De acordo com as respostas, a grande maioria acreditou que não iria adquirir conhecimento da mesma forma. Inclusive, muitos alunos informaram que se sentiam pouco otimistas em relação ao ensino remoto.
“Os dados apresentados enfatizam que o corpo discente da UERN merece parabéns pelo seu esforço, sacrifício e força de vontade neste semestre de 2020.1. Sabemos que não foi fácil para ninguém, mas diante dos desafios e obstáculos, conseguimos superá-los com coragem, soluções criativas e inovadoras. Desejo a todos que o próximo semestre seja melhor que o que passou”, felicitou o professor Raul Benites.
O pró-reitor de Assuntos Estudantis, Erison Natécio, avalia que os resultados obtidos são importantes por dois aspectos.
“Primeiro porque revela o cenário conjuntural e seus rebatimentos na comunidade estudantil e, segundo, contribui significativamente para elaboração de ações que visem auxiliar nossos alunos nos seus estudos, mitigando os impactos da pandemia no cotidiano acadêmico”, comentou.
SOBRE A DOENÇA
A pesquisa avaliou o envolvimento dos estudantes com a Covid-19. De acordo com as respostas, 8% (200) dos alunos são do grupo de risco, 72% (727) não são e 20% (84) não sabem. São do grupo de risco pessoas com mais de 60 anos de idade, com problemas respiratórios ou outras comorbidades como diabetes, hipertensão, enfermidades hematológicas, doença renal crônica, imunodepressão e obesidade.
Sobre residir com pessoas no grupo de risco, 67% (676) dos alunos residem com alguém integrante deste grupo, 30% (303) não residem e 3% (32) não sabem.
Na época da aplicação, 66% (670) dos alunos acreditavam que não tinham Covid (não fizeram teste), 12% (126) acreditavam que sim (mas não fizeram o teste), 10% (100) fizeram o teste e deu negativo, 4% (38) fizeram o teste e deu positivo e 8% (77) não sabiam se estavam com o vírus ou não.