Vários fatores podem ter sido a causa da queda de parte de uma falésia que vitimou, no dia 17 de novembro, uma família na praia de Pipa, em Tibau do Sul. O professor Rodrigo Guimarães, do curso de Gestão Ambiental do Campus de Central da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte – Uern, esteve no local para avaliar as possíveis causas.
O acidente tirou a vida de Hugo Pereira, sua esposa Stela Souza e o filhinho Sol, de apenas sete meses.
“O processo de movimentos de massa nas falésias ativas pode ter uma relação direta com o avanço do mar devido à erosão das praias e com o aquecimento global que eleva o nível dos oceanos. Também a maior frequência de eventos extremos pode aumentar a erosão marinha na base das falésias e acelerar a queda de blocos, tombamentos ou deslizamentos”, explicou o professor, que há 10 anos leciona a disciplina de Gestão da Zona Costeira.
Coordenador do Laboratório de Estudos Costeiros e de Áreas Protegidas – Lecap, Rodrigo Guimarães acrescenta que a ação humana vem se destacando entre os fatores de degradação dos ambientes litorâneos.
“Ocupações em Áreas de Preservação Permanente – APPs como as que existem em Pipa modificam a estrutura da vegetação, do solo e a drenagem da água das chuvas. E isso acelera os processos erosivos e, portanto, aumenta os riscos de acidentes nas falésias”, detalha o professor.
O Lecap abriga as atividades de pesquisa de docentes e alunos vinculados ao curso de graduação em Gestão Ambiental, Mestrado em Ciências Naturais, Mestrado em Geografia e Mestrado em Desenvolvimento e Meio Ambiente, realizando pesquisas sobre os ambientes litorâneos e as áreas protegidas.
Em 2018, o professor coordenou a elaboração do Plano de Manejo da Reserva de Desenvolvimento Sustentável Estadual Ponta do Tubarão e lá foi indicada a necessidade de adequação de ocupações que estavam no topo das falésias.
Atualmente, o Laboratório realiza pesquisas na Área de Proteção Ambiental das Dunas do Rosado e na RDS Ponta do Tubarão.
O projeto mais importante que os pesquisadores desenvolvem no momento é sobre os impactos socioambientais da energia eólica no Brasil, inclusive o grupo integra o Observatório da Energia Eólica da Universidade Federal do Ceará – UFC e uma rede de pesquisa que engloba a Texas A&M University, a UFC, a Uern, a Universidade Federal do Rio Grande do Norte – UFRN e outras instituições.