A implantação das cotas étnico-raciais na Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), a partir da Lei nº 10.480/2019, publicada em 31 de janeiro de 2019, ampliou a política de ações afirmativas da Uern que já possuía, desde 2002, uma lei que garantia a reserva de 50% das vagas para alunos que estudaram a vida inteira na escola pública e a partir de 2013 outra lei que garantia 5% das vagas para pessoas com deficiência.
A cota étnico-racial foi tema de mais uma edição do UERN Talks, que abordou “A política de cotas étnico-raciais e a garantia de direitos na universidade pública”, tendo como convidados: Dra. Ivonete Soares, professora do Programa de Pós-Graduação em Serviço Social e Direitos Sociais; Dra. Eliane Anselmo, professora do Departamento de Ciências Sociais e coordenadora do Núcleo de Estudos Afro-Brasileiros (NEAB/UERN); e o bacharel em Serviço Social e Diretor de Combate ao Racismo da União Nacional dos Estudantes (UNE), Genderson Costa. O diálogo foi mediado pelo professor Esdras Marchezan, do Departamento de Comunicação Social e assessor de Governança da Informação e Transparência da UERN.
A professora Ivonete Soares conhece bem essa luta. “A noção de universidade inclusiva está na origem da Uern, uma universidade implantada no interior do estado. Se a gente quiser demarcar um marco histórico eu recordo que em 1999 a professora Vanda Camboim Soares pautou essa questão étnica, realizando um evento sobre o movimento negro. Ali desencadeava o processo de discussão das cotas”, relembrou Ivonete Soares citando outras iniciativas e pesquisas.
Para Ivonete, o grande desafio da Uern é acolher esse aluno para que ele se reconheça como estudante negro e ocupe o seu lugar de fala. A temática do acolhimento e do suporte também foi defendida pela professora Eliane Anselmo. Além de coordenar o Neab, Eliane integra a Comissão de Heteroidentificação da Uern. “O trabalho da comissão é muito importante, foi uma ação positiva da Uern. Quanto ao Neab, nós estamos sempre buscando atuar em defesa dos povos tradicionais e no combate ao racismo” destacou Eliane.
Outro assunto abordado foi a necessidade de implantar a disciplina “Relações Étnico-Raciais e o Ensino de História e Cultura Afro-Brasileira e Africana”, conforme a Lei 10.639/2003. “A gente precisa formar nossos professores para que eles formem os alunos das escolas básicas”, defendeu Eliane Anselmo.
Genderson Costa resgatou a luta do movimento estudantil, citando a importância do Encontro de Negros e Negras. “Sou fruto das ações afirmativas da UERN e terminei minha graduação em Serviço Social com a conquista das cotas étnicos-raciais. Nós temos o desafio material, que consiste em políticas de permanência, e o desafio simbólico que é o de pertencimento e de fala”, afirmou Genderson.
UERN TALKS – O programa começa às 16h, no Canal 23.1 da TCM Telecom, com transmissão ao vivo pelos canais da UERN TV no Youtube e Facebook. O Uern Talks é uma ação da Assessoria de Governança da Informação e Transparência da UERN, em parceria com a AGECOM/UERN, e integra a série de ações e atividades de divulgação científica da universidade.
➡ Confira o programa dessa semana na íntegra: https://youtu.be/_jAuOsNW_5Y