Antes dominado por profissionais masculinos, a área esportiva do jornalismo em Mossoró apresentou uma mudança recente no perfil dos repórteres, com a presença constante – e, em alguns eventos, majoritária – de mulheres.
O novo impulso advém da qualidade dos cursos de Comunicação da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN), de onde surge a maioria dessas profissionais.
No jogo entre os times Potiguar e Força e Luz, realizado no Estádio Nogueirão no último dia 19, por exemplo, profissionais femininas realizaram grande parte da cobertura, entre elas Brena Alves, aluna do 3º período do curso de Rádio e TV da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN) e estagiária de uma emissora de rádio local.
Brena conta que seu interesse pelo esporte começou cedo, na família. Até pensou em seguir carreira na área. Mas, descobriu, na faculdade, o talento também pela comunicação. Decidiu se dedicar às suas duas paixões. “Hoje não me vejo em qualquer outra área além do esporte! Tenho me dedicado bastante… Acredito muito que um dia irei realizar meu sonho que é apresentar o Globo Esporte”, contou.
Formada pela UERN, Larissa Maciel trabalha na área esportiva desde 2012. Começou com um blog pessoal dedicado ao Corinthians e hoje trabalha numa emissora de TV com sede em Mossoró. Segundo a repórter, “Lembro que na primeira aula no curso de Jornalismo eu falei que estava lá pra ser jornalista esportiva. Eu não tinha a menor dúvida”.
Apesar da evolução, Larissa acredita que algumas barreiras precisam ser vencidas. “Se uma mulher tem interesse real em trabalhar com o esporte, ela vai vencer as barreiras impostas, vai crescer em cima disso para realizar seu sonho. Mas não defendo apenas que nós mulheres sejamos colocadas nessa vitrine por estética ou gênero. Não podemos ser resumidas a isso. Precisam parar de focar no fútil e enxergar nossa competência”, disse.
Isaiana Santos, igualmente formada pela UERN, também trabalha numa emissora de TV local e tem opinião semelhante. Ela destaca a presença de grandes repórteres na área de anos atrás, como é o caso da jornalista Regiane Ritter, uma das primeiras mulheres a tornar-se repórter e comentarista esportiva, em 1980, na Rádio Gazeta.
Atividades extracurriculares contribuem para a formação de repórteres na área
É certo que não existe uma estimativa oficial, mas salta aos olhos que grande parte dessas profissionais, ou aspirantes a profissionais, são formadas na UERN, onde há os únicos cursos de Comunicação do interior do RN.
Fabiano Morais, jornalista e professor da Universidade estadual, lecionou por muito tempo a disciplina Jornalismo Esportivo. Além disso, no ano passado, criou um projeto de extensão na área, a pedido de Brena. Nesse projeto, atualmente, dos 12 integrantes, seis são mulheres.
“É gratificante poder vê-las em ação, mostrando suas qualidades e abrindo espaços nos campos profissionais, antes, só masculinos”, conta Fabiano. O professor mencionou que a disciplina complementar deve voltar a ser ofertada em breve, agora que ele voltou do doutorado.
Muitas das profissionais já citadas destacam a formação na UERN como definidora.
Para Isaiana Santos, “É um espaço onde dá para apostar no que se gosta de fazer, seja esporte, cotidiano, cultura. E hoje contando com um projeto de extensão voltado especialmente para o esporte, é de se esperar que mais meninas possam investir no jornalismo esportivo”.
Larissa Maciel relata experiência universitária semelhante. “A UERN por anos foi a minha segunda casa e sempre será um ponto de abrigo, de grandes lembranças. Lá dentro fui encorajada pelos amigos, professores a realizar este meu sonho e ainda hoje sou apoiada pela Universidade e os funcionários que a constroem diariamente. Eu não estaria realizando este sonho se não fosse a UERN”, contou.