Ele tem baixa visão e deficiência intelectual. Essas condições, no entanto, não impedem que José Bezerra Neto se sinta à vontade entre os colegas do 5° período de Administração, da Universidade do Estado do Rio Grande do Norte (UERN). “É muito difícil chegar à Universidade. Mas, eu vou conseguir me formar, sim!”, afirma determinado, dizendo não ver diferença no convívio social, na instituição. O que ele precisa é só de adequação dos professores para acompanhar sua forma de aprendizagem. “Fora isso, é tudo igual”, acredita.
Conhecido como “Barbosa”, José Bezerra é tagarela por natureza. Quando começa a falar, não quer parar, principalmente, quando é para contar sobre sua presença na UERN e mais ainda, que é autor de quatro artigos científicos. O mais novo, ele vai apresentar na tarde desta quinta-feira, 8, no III Seminário Potiguar “Educação, Diversidade, Acessibilidade e Direitos Humanos”, promovido pela Diretoria de Inclusão Social (DAIN).
O orgulho pelo trabalho é tanto que, ele fez questão de ir convidar, pessoalmente, o reitor Pedro Fernandes e o vice-reitor Aldo Gondim, acompanhado da professora Ana Lúcia Aguiar, para assistir a apresentação, às 15h, na Faculdade de Educação.
Consolidação da inclusão
O projeto Acessibilidade Efetivação de Direitos das Pessoas com Deficiência Intelectual: experiências exitosas no processo da adequação de conteúdo” tem por objetivo a formação continuada para educadores de discentes com deficiência intelectual. E mais: a construção de ações para a quebra de barreiras atitudinais, procedimentais e conceituais que promovam a consolidação da inclusão dos alunos, fortalecida pelo entendimento da pertinência da perspectiva de inclusão no âmbito da coletividade acadêmica.
O problema da pesquisa está constituído a partir das seguintes perguntas: quais as dificuldades encontradas pelos docentes para as adequações do processo de avaliação dos conteúdos acadêmicos? Quais os acompanhamentos desenvolvidos pela equipe multidisciplinar da Diretoria de Políticas e Ações Inclusiva/DAIN/UERN, no sentido das orientações aos docentes para as adequações?
A pesquisa é qualitativa e utiliza a Metodologia da História Oral, com instrumentos das entrevistas de profundidade, as rodas de conversas e anotações. Conta, ainda, com registros fotográficos e observação das fichas de acompanhamento do discente com deficiência intelectual e com os pedagogos e psicólogos da DAIN.
“O trabalho Permitirá que os sujeitos percebam sua trajetória de vida em tensões, superações de barreiras se (auto) formem. E contribua para a formação da comunidade acadêmica, considerando a necessidade de uma formação continuada em nível superior, bem como o olhar detalhado quanto à existência de barreiras no processo de avaliação dos conteúdos acadêmicos”, explica a professora Ana Lucia Aguiar, diretora da Dain.
A pesquisa é focada nas políticas voltadas para a diversidade e inclusão permitindo aprofundar a Formação Humana e Desenvolvimento Profissional Docente e as Políticas e Gestão da Educação, com vistas à acessibilidade. “É urgente enfrentar esses desafios para o presente momento histórico marcado pelas transformações no campo do trabalho, pelos avanços nas novas tecnologias”, pontua a professora.
José Bezerra contou com dois apoios fundamentais na produção dos artigos. Também são autores, os professores Ana Lúcia e Evandro Fernandes Filgueira.
A Universidade do Estado do Rio Grande do Norte ocupa um lugar de destaque no processo de inclusão no Nordeste. Atualmente são 153 estudantes com deficiência em seus vários cursos. Eles têm assegurados 5% das vagas ofertadas pela UERN.